quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

COMO PRESENTEAR NESTE NATAL?

O NATAL ESTÁ CHEGANDO! E muita gente está sem dinheiro para comprar o presente dos sonhos e está sem dinheiro. Mas nem tudo está perdido. Valorize uma lembrancinha com uma bela e fácil embalagem. E o melhor, gastando muito pouco.

E como dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, este vídeo mostra uma porção delas que, com coisas que você tem em casa, você as fará com toda a certeza. Assista ao vídeo e mãos a obra. 


O que colocar dentro? Não importa. Valorize-o e será bem recebido e apreciado

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A ARTE BRUTA DO BISPO DO ROSÁRIO



 "Roda da Vida"

Antes de sua internação no sanatório, Bispo do Rosário já mostrava um certo talento artístico ao elaborar pequenas esculturas em madeira e outros diversos objetos. No entanto, suas obras simples e rudimentares ganharam expressão e reconhecimento internacional somente após sua morte.

As obras do Bispo eram vistas na época como despretensiosas e ignoravam todas as convenções acadêmicas, os formalismos e enquadramentos dos estilos o que fazia com que os críticos se impressionassem e procurassem estudá-la e investigá-la ainda mais suas criações. O jeito simples e, até certo ponto infantil de suas obras, marcavam uma nova modalidade dentro do que se considerava como “arte moderna”.

Jangadas no mar

O pintor francês Jean Dubuffet, interessado nas obras de pacientes psiquiátricos e dos artistas sem formação acadêmica, denominou estas produções artísticas como "ARTE BRUTA", como um tipo distinto do “fazer artístico”. Muitos críticos não consideram as obras do Bispo como arte. Mas o que é arte? 
Lembranças da Marinha

Arte, por acaso, não é um movimento da nossa imaginação que nos leva a descobrir caminhos pela qual concretizamos esse movimento? E de onde surge esse movimento? Do que nos toca a sensibilidade? Do que vemos, do que sentimos ou das nossas lembranças? Dos nossos desvios ou da nossa sanidade? 

O potencial artístico inclui isso tudo, ora juntos, ora separados entre si. Portando, é ou não um movimento criador? O importante é que a força do movimento imaginativo (ou criador) nos leve a um outro movimento: o de retratar o pensado/criado/imaginado. E nessa retratação, os materiais utilizados dependem das condições e da disposição em um determinado momento. Pode-se usar o que se tem à mão ou com materiais pesquisados e planejados.
Jangada

A arte designada como “Arte Bruta" ou a “Arte dos Loucos” é assim. Depende da cultura absorvida na sua forma mais original. Expressa em manifestações originais e manuais que incorporam modelos sem qualquer formalidade, porém com uma lógica e coerência, ultrapassando as diferentes modalidades artísticas contemporâneas até então conhecidas. Em nível artístico, o processo sociocultural é veiculado e retratado na sua totalidade. 

Além disso, todas as obras do Bispo do Rosário apresentam os alicerces básicos de uma criação artística: um planejamento de elaboração, a originalidade de execução e sua marca como autor (basta ver a obra e saber quem a fez). 

O Muro

As obras do Bispo do Rosário continuam sendo rotuladas como “arte marginal”. Esse rótulo deriva da sua condição de internado num manicômio e pelo diagnóstico de esquizofrenia, dos delírios místicos, da exclusão e da marginalidade social. Mas são obras que fascinam e causam admiração porque inclui valores, variedade de discursos e pode estudada tanto no sentido das disparidades como nas suas peculiaridades com a realidade.

O Carrossel

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

OS MANTOS DO BISPO DO ROSÁRIO


Segundo o próprio Bispo do Rosário, as vozes que ouvia e lhe dava ordens para recolher as coisas do mundo, vinham de Deus e ao quem deveria apresentar no dia do Juízo Final.
Para o encontro com Deus e a apresentação do que havia amealhado no mundo, Bispo deveria estar bem apresentável. Pensando dessa forma, ele cria alguns mantos. Em seus pensamentos, havia um “manto especial” com o qual se apresentaria e representaria os homens e as coisas deste mundo, e os demais, usaria em outros eventos celestes.
Manto do Juízo Final

Manto com nomes de pessoas

Manto apresentado em Londres
Manto apresentado em Londres
Manto apresentado em Londres


Manto Coisas do Cotidiano

Os mantos eram confeccionados com os tecidos que tinha a mão, como lençóis ou roupas. Os mantos eram bordados com nomes de pessoas que ele conhecia para não esquecer de pedir as bênçãos divinas a elas. E para as linhas de seus bordados, Bispo desfiava os seus “uniformes” ou “fardões” do sanatório.
O “manto especial” está ligado à vida e origem do Bispo e do seu Sergipe e de suas tradições religiosas. Por outro lado, tinha as lembranças da Marinha por meio das insígnias e medalhas rememorando sua participação no grupo de fuzileiros e do prestígio da hierarquia daquela instituição. Haviam também nomes de lugares onde esteve a serviço da Marinha Brasileira, noticia de jornais (do brasil e do mundo), uma espécie de cartografia e episódios bíblicos.
Manto da Apresentação

A análise realizada os mantos confeccionados pelo Bispo do Rosário, feita por psiquiatras, psicólogos e críticos de arte, permite entender que ao “desfazer os uniformes do sanatório” o artista simboliza a “desconstrução da “prisão” no manicômio por conta de sua doença mental.
Porém, ao reconstruir o manto revela a grandiosidade da relação com o divino que lhe garante uma “liberdade ímpar”. Dessa forma, pesquisas realizadas entre 2011 e 2012, o artista cria obras, inusitadas, originais, inventivas e jamais pensadas por outros artistas. Era uma obra reclusa, de memórias e de crença e louvor a Deus.
O interesse e a curiosidade que suas obras despertam até hoje, na visão dos críticos, ocorreram por três fatores importantes: a) a “segregação social” a qual o artista estava sujeito por ser nordestino, negro, pobre e doente mental; b) pelo estado de “suspeição” a legitimidade de sua arte, sendo considerada, por alguns críticos, como um “mero trabalho manual” enquanto vista como arte, por outros; c) pelas “barreiras de acesso” que o autor impunha à sua própria obra, ou seja, Bispo não deixava pouquíssimas pessoas verem o que estava criando e fazendo em sua cela que lhe servia de atelier.
Diz um de seus inúmeros críticos: - “Mas o que despertou minha atenção, foi a figura de um homem negro, já desgastado pela idade e pela doença, sozinho em meio a uma barafunda de objetos variados, bordando palavras, nomes, datas, imagens. (…) E de repente intuí que estava ali, diante da câmera, alguém que lutava contra o esquecimento, alguém que queria narrar sua história de vida e assim carimbar sua identidade”.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

OS OBJETOS DO BISPO

As obras do Bispo do Rosário são bastante diversificadas. Na Colônia Juliano Moreira, Bispo tinha à sua disposição, utensílios do cotidiano como: canecas de alumínio, colheres, vassouras, rodos, botões, garrafas plásticas, madeiras de caixas de fruta, calçados entre outros para colecionar e depois construir suas obras. Ele rendia esses objetos a um pedaço de madeira e os pendurava na parede para “economizar espaço”.


Bispo afirmava que ouvia vozes e que elas lhe davam ordens para recolher as coisas do mundo, pois deveria apresentá-las a Deus, no dia do Juízo Final. Segundo Bispo, a criação das peças que fazia era uma imposição dessas vozes. Por isso, não gostava de ser chamado de “artista”.






Continua


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

CONHECENDO AS OBRAS DO BISPO DO ROSÁRIO


Os materiais usados pelo Bispo do Rosário não eram de luxo, mas o que ele podia conseguir no ambiente onde vivia: o sanatório Juliano Moreira. 

Os materiais que Bispo do Rosário usava eram retalhos de tecidos, colheres, copos, canecas, botões, papelões, madeiras. Usava linha e agulha para escrever datas, palavras, frases, manifestos, falava de Deus, dos seres humanos e de poesias nos retalhos de tecido.

"OS ESTANDARTES"

Os materiais usados pelo Bispo do Rosário não eram de luxo, mas o que ele podia conseguir no ambiente onde vivia: o sanatório Juliano Moreira. Os materiais que Bispo do Rosário usava eram retalhos de tecidos, colheres, copos, canecas, botões, papelões, madeiras. Usava linha e agulha para escrever datas, palavras, frases, manifestos, falava de Deus, dos seres humanos e de poesias nos retalhos de tecido.





"OS DISCURSOS ESCRITOS"


Nos retalhos estão escritos com agulha e linha (numa espécie de um bordado simples) estão as lembranças de seu tempo na Marinha Brasileira. Essas lembranças reportam a datas e lugares em que esteve e visitou. Há também os estandartes de fé. Segundo o Bispo, são recados de Deus para ele e para o mundo.

Se os tecidos combinavam nas cores, nas texturas ou na grossura, não importava para o Bispo. Era o que tinha naquele momento. Mas enquanto preparava suas obras, se preparava para subir aos céus, pois Deus lhe havia dado uma missão e procurava cumpri-la direitinho. 




CONTINUA

domingo, 22 de setembro de 2019

LOUCURA OU GENIALIDADE DO BISPO?


Jamais um artista teve sua vida tão vasculhada e divulgada quanto a de Arthur Bispo do Rosário, seja por ter sido descoberto como artista tardiamente, seja por sua internação num hospício ou por suas obras serem de uma singularidade jamais vista em canto algum.
Até hoje, ninguém sabe porque Arthur perdeu a razão. Mas, nunca foi agressivo, nem mesmo, nos momentos mais graves de suas crises ou de suas alucinações. Ao contrário, segundos que conviveram com ele afirmam é que sempre foi uma pessoa quieta. Gostava de se isolar quando por dentro se sentia agitado.


De quando em quando no hospício, Arthur se trancava em seus aposentos e só abria um pouco a porta para receber a comida ou para pedir um tecido, linhas ou agulhas ou outra coisa que precisasse e para receber esses pedidos. O que ele estava fazendo ninguém sabia. Apesar da curiosidade dos cuidadores por causa dos seus estranhos, como Bispo não dava trabalho e nem promovia confusões, poucos se lembravam dele ou do que fazia. Só para se ter ideia a última vez que se trancou durou anos e culminou com sua morte. 
  
Ao entrarem nos aposentos de Bispo do Rosário, surpreenderam-se com o que viram. O acervo de suas obras era gigantesco. Com peças simples, ares infantis e muito coloridas, dobradas num canto do aposento ou expostas nas paredes, revelavam uma originalidade ímpar.


Havia muito tempo que Bispo do Rosário não tinha qualquer contato com o mundo exterior, mas suas obras tinham um ar de modernidade e contemporaneidade. 

Muitos críticos questionaram suas obras numa tentativa de relacionar o que viam com sua doença mental. Outros, no entanto, logo viam sua qualidade artística independente de sua origem ou de sua doença.

Na verdade, usando objetos que podia conseguir no ambiente onde vivia naquele momento, Bispo conseguia reunir: o folclore e a cultura de sua terra natal; as lembranças e sonhos de sua meninice; as lembranças dos países em que estivera como jovem marinheiro e a habilidade adquirida com os trabalhos esporádicos e mal remunerados em suas peças simples e ingênuas, mas com uma profundidade e uma atualidade impressionante.

As obras de Arthur Bispo do Rosário não deixavam nada a dever àquelas produzidas pelos famosos artistas de sua época. Tanto que suas obras foram expostas no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, como uma produção de “Pós-Pop art”. Indiscutivelmente a criatividade, a singularidade e o estilo inconfundível das obras do Bispo do Rosário mostram o seu talento.   

Hoje suas obras estão expostas num museu que leva seu nome: Museu Bispo do Rosário, organizado por Eva Klabin e seus assessores e se localiza na cidade do Rio de Janeiro - RJ.

Próxima postagem: o Acervo do Bispo do Rosário

Pessoal, desculpem a demora nas postagens, mas foi por problemas de saúde.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

LOUCO OU ARTISTA?


Você sabe quem é esta pessoa?
Dica: é uma figura estranha e enigmática tanto para as artes em geral, quanto para a Arte-Terapia. Você sabe quem ele é?


 Este é Arthur Bispo do Rosário, mais conhecido como “Bispo do Rosário”.


Esta é Japaratuba (Sergipe), a Cidade onde Bispo do Rosário 
nasceu e viveu até sua juventude.


Arthur era natural de Japaratuba, uma pequena e pacata cidade litorânea do estado brasileiro de Sergipe. Era filho do sr. Adriano Bispo do Rosário e da sra Blandina Francisca de Jesus.

A data do nascimento de Arthur é controversa. As informações são dos registros das empresas onde ele trabalhou. No entanto, nuns registros consta a data de 14 de maio de 1909 e, em outras, a data de 16 de março de 1911. Inclusive, pode não ser nenhuma dessas e ser outra. 
  
Marinha Brasileira de 1925
Em 1925, supondo que para fazer o serviço militar, Arthur Bispo do Rosário entra para a Marinha. Em serviço, Bispo teve a oportunidade de conhecer muitos lugares do mundo. Gostava de esporte e se tornou boxeador pela Instituição. Mas, era um militar indisciplinado e, segundo seus chefes, foi dispensado por isso.

Fora da Marinha, Bispo trabalhou em diversos lugares. Entre eles, trabalhou a Companhia de Energia Elétrica (a famosa “Light”). Os demais serviços eram realizados aqui e ali e sem carteira assinada. Ou seja, fazia muitos “biscates” e ganhava pouco. Um belo dia, Bispo decidiu sair de sua terra natal e rumou para o Rio de Janeiro. 

Quando chegou ao Rio? Ninguém sabe ao certo. A notícia que se tem segue a seguinte cronologia:

De 1933 a 1937, trabalha no Departamento de Tração de Bondes. De 1937 a 1938, trabalha como empregado doméstico da família Leoni, em Botafogo (RJ).

Em 21 de dezembro de 1938, Bispo desperta de um sonho ou de uma alucinação. Acorda seu patrão (o sr Leoni) afirmando desesperadamente que Deus lhe havia dado uma ordem e ele precisava ir imediatamente para a Igreja da Candelária.



O sr Leoni nem teve tempo de indicar o caminho, pois Bispo saiu correndo. Sem conhecer a região e saber como chegar à Candelária, Bispo passou e entrou em várias Igrejas. E andando sem rumo, acabou chegando ao Mosteiro de São Bento onde foi acolhido pelos monges. Bispo afirmava aos monges “ser um enviado de Deus e encarregado de julgar vivos e mortos”. E era insistente nessa afirmação.

Mosteiro de São Bento

Desconfiados de insanidade mental, os monges decidiram encaminhá-lo para a polícia. Lá, afirmando e reafirmando sua missão divina aos policiais, é feito sua ficha onde consta que é “louco e indigente”. Em seguida, é transferido para o HOSPÍTAL PEDRO II (o Hospital da Praia Vermelha, como era conhecido pela população local) e onde ficou internado por um mês.

Colônia Juliano Moreira em 1939 - hoje, em ruínas 

Após alguns exames físicos, psicológicos e psiquiátricos, Arthur foi diagnosticado como sendo “esquizofrênico-paranóico” e transferido para a COLÔNIA JULIANO MOREIRA, no subúrbio de Jacarepaguá (RJ), onde recebeu um registro como sendo o “paciente 01662”. 



Nesse hospício. Bispo do Rosário permaneceu por mais de 50 anos.

Continua na próxima postagem

terça-feira, 23 de julho de 2019

LYGIA CLARK (terapeuta sensorial)


De volta os Rio de janeiro, dedica-se ao estudo de possibilidades terapêuticas da arte sensorial e dos objetos relacionados à essas terapias. Com isso, passa a dar consultas terapêuticas particulares alheias ás artes e à psicanálise, entre 1978 e 1985.





Suas obras ganharam notoriedade nacional e internacionalmente. E em 25 de abril de 1988, Lygia Clark falece no Rio de Janeiro

sábado, 6 de julho de 2019

LYGIA CLARK (escultora)


Em 1959, com o objetivo de uma nova linguagem na arte abstrata brasileira, Lygia passa a fazer parte do Movimento Neoconcreto, no Rio de Janeiro. Lygia participa da Primeira Exposição Nacional de arte Neoconcreta, no MAM do RJ. Na mesma exposição estão: Amilcar de Casstro, Sergio Camargo, Gerreira Gullar e outros. Lygia cria seus quadros com a intenção de ultrapassar os limites da superfície e levam o nome de “UNIDADES”.



Entre os anos de 1960 a 1964, Lygia cria a série “BICHO”. São esculturas geométricas metálicas, articuladas por dobradiças. Com essa série, Lygia queria garantir a participação do público. Cria ainda uma outra série, a “OBRA MOLE” com pedaços de lâminas de borracha, incrementada de sacos plásticos, pedras, conchas e outros. 

Em 1964, passa a lecionar no Instituto Nacional dos Cegos.

Entre seus trabalhos destacam-se: “NOSTALGIA DO CORPO” (1968) uma obra sensorial que propõe ao público a sentir, por ex: o sopro da respiração ou o contato de uma pedra sobre a mão. Coisas simples e corriqueira, mas que não paramos para perceber. 


No mesmo ano, ainda propõe “A CASA É O LABIRINTO”, uma simulação do útero. O público pode percorrer e ter uma experimentação tátil em diversos compartimentos.




Entre 1970 a 1975, Lygia volta a Paris. Leciona no curso de Comunicação Gestual da Faculdade de Artes Plásticas St. Charles, na Sorbone. Ali desenvolve experiências terapêuticas usando objetos sensoriais com seus alunos. 


Em 1973, cria a “BABA ANTROPOLÓGICA, onde algumas pessoas derramavam fios que saiam de suas bocas sobre alguém que estava deitado.