quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

PONTOS BÁSICOS DE BORDADO

Os bordados possuem uma variada coleção de pontos. Alguns são básicos como:

PONTO CASEADO - Este ponto usado para unir peças avulsas no tecido a ser bordado, como no pacthwork ou para prender miçangas. Este ponto pode ter mais ou menos comprida. Veja como se faz:




Este apresenta muitas variações, como por exemplo: 

a) caseado alternado - é semelhante ao caseado comum, porem um ponto entra-se mais no tecido e o ponto seguinte é mais curto. Procede-se  sempre alternando até o final da peça ou do trabalho.


b)o caseado palito - é um ponto reto sem a laçada. Serve para unir duas peças.



b) o micro-caseado, cujas hastes são bem pequenas, ou seja, com alguns milímetros de comprimento; 



c) o caseado cruzado ou ponto X, cujas haste se cruzam. 


Obs: os videos apresentam trabalhos em feltro, no entanto, podem ser feitos com qualquer tecido.


PONTO ATRÁS - um ponto muito usado para bordar qualquer coisa como figuras ou nome. Também serve  costurar a mão, pois imita o ponto da costura a máquina.



PONTO HASTE - serve para fazer contornos de figuras ou palavras.



PONTO ARESTA OU ERESTA - próprio para fazer galhos em barrados.




PONTO CORRENTE - serve para contornos ou outros trabalhos.


Agora é só escolher um motivo e aplicar o bordado nele usando um destes pontos. Mão a obra, pessoal. Na próxima postagem tem mais.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

BORDADO É ARTE? E TERAPIA?


O bordado é a arte de enfeitar os tecidos com desenhos feitos com fios. Há quem diga que bordar não é arte, nem terapêutico. Como arte assemelha-se a pintura. O pintor usa tintas para preencher a tela ou outro suporte qualquer. E qual a diferença se o suporte é um tecido e, em vez de tintas, usa-se fios? Para mim, não há diferença. Além disso, estudos provam que o bordado segue os princípios fundamentais das artes visuais, permitindo que quem o pratica se vale de uma linguagem visual com uma técnica própria, diferenciada e atrativa pela qual podemos ler, compreender e interpretar as imagens produzidas. Logo, é arte.

Como terapia, colocamos muito de nós mesmos num bordado. A escolha do motivo, das cores a serem empregadas, a escolha dos pontos a preenche-lo são itens que revelam muito de nós, como gostos e preferências, personalidade, paciência, perseverança, habilidades, capacidades e sentimentos. Portanto, é terapêutico.


Como já vimos, sua origem é muito antiga. No princípio, os bordados eram feitos a mão, com agulhas de diferentes grossuras e feitios (inclusive a de crochê). Mais recentemente, passou-se a usar máquinas para fazê-los. Sua utilidade também é variada. Pode-se usá-lo em vestimentas, na decoração de ambientes e em logomarcas industriais e esportivas.

Os tecidos, como suportes dos bordados, são variadíssimos. Vão dos tecidos mais finos e delicados aos mais grossos ou mais rústicos (como a juta) por exemplo. E geralmente, são lisos e na cor que cada um desejar.

Os motivos (dos mais variados) vão de flores a paisagens. Os motivos florais são mais utilizados em peças do vestuário e em peças decorativas como toalhas de mesa, de jogos de toalhas de mãos, rosto e banho ou jogos de toalhas pequenas usadas sobre os móveis. As paisagens são preferidas em peças decorativas mais duradouras, como quadros, tapetes e colchas. Há também motivos folclóricos. São aqueles representativos de uma determinada região, de uma época ou da cultura de um povo e são muito valorizados como os tapetes persas, os bordados da Ilha da Madeira, por exemplo.
São agulhas comuns, fáceis de encontrar.

A agulha deve ser apropriada para o tecido escolhido: finas para os tecidos mais delicados e grossas para os mais grossos. Podem ser usadas também as agulhas de crochê nesses bordados (em tapetes, principalmente).

Os fios usados nos bordados são os mais variados possível. Podem ser de algodão, seda, linhos, lãs, ráfia, fios de ouro e de prata, fios de fibras sintéticas como os de nylon, acrílico e celofane. Recentemente, passou-se a usar fitas e tecidos aplicados em alguns bordados de cunho artístico, como quadros por exemplo. 
  
As linhas para bordar são encontradas em meadas 
ou novelos pequenos ou grandes.

Pode-se ainda complementar o trabalho de bordado com materiais preciosos como o ouro, a prata, pérolas, outras pedras preciosas, lantejoulas e canutilhos ou com materiais rústicos, como sementes, conchas, palha, contas de vidro ou de madeira, palha etc. E sempre com excelentes resultados visuais. Como exemplo, cito os vestidos de noiva ou para as noites de festas, de espetáculos musicais e nas fantasias carnavalescas do Brasil que possuem aplicação de strass, lantejoulas e canutilhos, pérolas e outros ornamentos.

Os pontos variam entre os mais simples (como o “ponto atrás ou haste”, o “caseado”) e os mais complexos (embora sua execução não seja nada difíceis de serem feitos, como os pontos “cheio” e o “matizado”) podem ser realizados numa só cor ou todo colorido. Qualquer pessoa (homens ou mulheres) pode bordar e realizar qualquer ponto.

TIPOS DE REALIZAÇÃO DOS BORDADOS

Como já dissemos, os bordados podem ser realizados a mão ou a máquina. Os manuais são mais valorizados pois levam mais tempo para serem concluídos. Já o bordado a máquina é bem mais rápido e mais produtivo em termos comerciais. 


Embora não apresente a mesma qualidade que o manual, é a preferência popular no momento. Quando se fala em qualidade, não nos referimos ao direito do trabalho. toda bordadeira sabe que o avesso deve ser tão perfeito quanto o direito da peça. Por isso, todas as bordadeiras tratam de não deixarem fios atravessados  e nós aparecendo do lado do avesso. o que não acontece com os trabalhos feitos a máquina.  Mas falaremos mais disso em outra oportunidade. Talvez  por isso, seja o fato de muita gente achar que o bordado não é arte, rebaixando-o à categoria de artesanato.


Nos bordados podem ainda ser realizados com uma peça chamada “bastidor”, que auxilia o bordador a manter o tecido esticado.  O mais conhecido são os bastidores circulares fixos ou os ajustáveis e a custo baixo. Mas dependendo do trabalho a ser feito, podem ser usados os bastidores quadrados ou os retangulares. Como estes são menos comuns podem ser feitos em casa ou encomendados, embora sejam encontrados em algumas lojas especializadas em artigos para bordados, portanto, um pouco mais caros.

OS BORDADOS MANUAIS.

Os bordados manuais podem ser:


PLANOS - Os bordados planos são os mais comuns. Sobre o risco do motivo no tecido aplicam-se um ou vários tipos de pontos adequados a esse motivo.


RENDADOS - Os bordados rendados são aqueles que se assemelham a uma renda. Primeiro, borda- se o motivo desejado. Depois de pronto, com uma tesoura pequena e afiada recortam-se os espaços vazios entre os pontos ou fora deles, como por exemplo, o “rechelieu”.
Continua


EM RELEVO - Os bordados em relevo mais parecem uma escultura do que um bordado. Esses relevos são feitos com os motivos escolhidos e confeccionados com fitas, com o próprio tecido ou tecidos diferentes. Surgem em peças mistas, onde os relevos completam os motivos dos bordados planos.

continua

sábado, 9 de dezembro de 2017

BORDADO


Ao perderem os pelos que cobriam seus corpos, os hominídeos passaram a cobri-los com peles de animais para enfrentarem o frio rigoroso das localidades onde paravam para descansar de suas caminhadas, já que eram nômades. Mais tarde, passaram a amarrá-las ao corpo. Porém, ao construírem os primeiros abrigos estruturados com galhos e cobertos com peles de animais, alguém teve a ideia de fazer uma amarração para evitar que fossem levadas pelos ventos. E inventavam a costura, que pouco depois, foi utilizada na confecção das primeiras roupas. Para facilitar o trabalho inventaram um utensílio importantíssimo: a agulha. A princípio eram feitas de ossos e, bem mais tarde, de madeira. O tempo aprimorou as agulhas e as costuras. E com esse aprimoramento ambas chegaram aos dias de hoje.
 

 Os humanos, nas sociedades primitivas antigas, sempre gostaram de se enfeitar. Usaram ossos, penas e pedras amarradas a fios da própria natureza e pinturas no corpo e face para anunciar o status de liderança. 


Com a descoberta dos metais, fizeram armas armaduras para defesa nas lutas e para a distinção dos mais valentes. As coroas e joias distinguiam a nobreza da ralé.  E no meio disso tudo, surge um movo modo de mostrar suas riquezas, de mostrar seu status e de se diferenciar dos demais: o “bordado”.



Quem o inventou, quando e onde é impossível saber com certeza, pois não haviam documentos escritos. O que sabemos ou tentamos saber é apenas através de monumentos antigos, esculturas, pinturas e gravuras onde foram representados. E através dessas obras de arte podemos formalizar um pouco de sua história.


Nas margens do Rio Eufrates, muitas civilizações antigas se desenvolveram. E nessas civilizações o bordado era muito cultivado. Nos monumentos gregos pode notar os bordados nas túnicas dos deuses, semideuses e heróis ali representados. Homero fala dos bordados de Helena e Andrômaca na passagem da guerra de Tróia. Os hebreus citam Moema como a inventora do bordado e foi muito usado entre eles. E na Bíblia existem inúmeras passagens que fazem menção aos bordados.

almofada bordada Egito - séc IV

tapeçaria da Grécia Antiga


Dos povos antigos, os romanos foram os que menos se valeram do bordado até a formação do império. No entanto, foram os romanos que fizeram com que o bordado se espalhasse pelo mundo. Tornou-se uma verdadeira “febre” a partir do século VII.

bordado de figuras sacras - Itália

Via-se bordados por toda parte, da plebe à corte. As abadias e mosteiros transformavam-se em oficinas e ensinavam a quem quisesse aprender. Não durou muito para que nos séculos seguintes aparecessem armas, escudos, brasões, flâmulas e bandeiras bordadas em cores e em ouro e prata. Já no século XVI, surgem os bordados de imagens de figuras e fatos religiosos e históricos que assemelhavam-se às pinturas.

Desse modo, a Itália tornava-se o maior centro das artes (bordado) do mundo, servindo de inspiração cultural e econômica para toda a Europa.
Com o tempo, surge a necessidade de inovar. Os bordados que antes eram planos ou em relevo, passam a ter recortes formando uma espécie de rendado. Na Renascença, o bordado se transforma numa arte puramente decorativa (artesanato) de interiores como as tapeçarias, estofos para móveis, reposteiros com outros temas que não fossem os religiosos.

                            toalhinhas para móveis                             toalhas de mesa

As toalhas de mesa e as famosas “toalhinhas para móveis” surgem no século XVII. E no século XVIII, os bordados estão nas roupas íntimas brancas e com desenhos mais delicados e cor.

Então chega a modernidade, a industrialização e suas máquinas. O bordado manual demorava meses para ficar pronto dependendo do tamanho da peça. Por isso, um operário de nacionalidade francesa inventa, em 1821, a primeira máquina de bordar. Sua intenção era facilitar o trabalho das bordadeiras e, logicamente, poderem ganhar mais. 
A máquina proporcionava mais rapidez na produção e na multiplicação das peças. A novidade foi bem aceita no início, apesar de perder a qualidade, a elegância e a exclusividade das peças artesanais. Por isso, o século XIX vê o bordado entrar em declínio. No entanto, no final desse século, surge um movimento encabeçado por William Morris, cujo nome era “Artes e Ofícios”, que deu nova vida aos bordados.

O século XX, apesar da boa convivência entre os bordados manuais dos mais variados tipos e gêneros e as reproduções mecânicas mais modernizadas, ocorre um fato interessantíssimo: alguns gêneros feitos manualmente caem em desuso, enquanto outros fazem o maior sucesso. É o caso dos manuais, bordados em branco sobre tecidos da mesma cor e que se tornaram símbolo de alto status social. Até os anos de 1950, era chique usar bordados com desenhos ou monogramas em branco sobre branco em toalhas de mesa lenços e enxoval de bebês e que ficou conhecido como “bordado da Ilha da Madeira”. Na verdade, o bordado da Ilha da Madeira era executado em fios de cor azul (ou outra cor) mas sempre em tons claros sobre tecido branco.

Outro acontecimento foram as aplicações complementares (como missangas, pérolas e lantejoulas ou bordados recortados) trazendo de volta o gosto pelos trabalhos manuais.

Houve um tempo, em uma moça que pretendesse se casar e ser considerada uma boa esposa, precisava aprender a bordar entre outros atributos domésticos. Mas com o tempo, isso deixou de ser uma condição necessária. Estamos no século XXI e os bordados continuam sendo prestigiados. Ganharam novos motivos, inspirações, vitalidade e utilidade. Os bordados enriquecem a decoração dos ambientes, identificam empresas, clubes, times de futebol e outros esportes por meio de suas logomarcas bordadas, torna-se um meio de produzir riquezas e fazer parte da economia de um país pela produtividade, qualidade e eficiência, de agregar valores culturais e de embelezar qualquer peça.

Traz ainda, satisfação pessoal e ser uma forma terapêutica, se for feito manualmente e, ascensão econômica e social, se realizado por meio das máquinas. Conclui-se que todo ser humano de posse de agulha, linhas e um pedaço de tecido pode aprender a bordar e ganhar a vida bordando.