quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A ARTE BRUTA DO BISPO DO ROSÁRIO



 "Roda da Vida"

Antes de sua internação no sanatório, Bispo do Rosário já mostrava um certo talento artístico ao elaborar pequenas esculturas em madeira e outros diversos objetos. No entanto, suas obras simples e rudimentares ganharam expressão e reconhecimento internacional somente após sua morte.

As obras do Bispo eram vistas na época como despretensiosas e ignoravam todas as convenções acadêmicas, os formalismos e enquadramentos dos estilos o que fazia com que os críticos se impressionassem e procurassem estudá-la e investigá-la ainda mais suas criações. O jeito simples e, até certo ponto infantil de suas obras, marcavam uma nova modalidade dentro do que se considerava como “arte moderna”.

Jangadas no mar

O pintor francês Jean Dubuffet, interessado nas obras de pacientes psiquiátricos e dos artistas sem formação acadêmica, denominou estas produções artísticas como "ARTE BRUTA", como um tipo distinto do “fazer artístico”. Muitos críticos não consideram as obras do Bispo como arte. Mas o que é arte? 
Lembranças da Marinha

Arte, por acaso, não é um movimento da nossa imaginação que nos leva a descobrir caminhos pela qual concretizamos esse movimento? E de onde surge esse movimento? Do que nos toca a sensibilidade? Do que vemos, do que sentimos ou das nossas lembranças? Dos nossos desvios ou da nossa sanidade? 

O potencial artístico inclui isso tudo, ora juntos, ora separados entre si. Portando, é ou não um movimento criador? O importante é que a força do movimento imaginativo (ou criador) nos leve a um outro movimento: o de retratar o pensado/criado/imaginado. E nessa retratação, os materiais utilizados dependem das condições e da disposição em um determinado momento. Pode-se usar o que se tem à mão ou com materiais pesquisados e planejados.
Jangada

A arte designada como “Arte Bruta" ou a “Arte dos Loucos” é assim. Depende da cultura absorvida na sua forma mais original. Expressa em manifestações originais e manuais que incorporam modelos sem qualquer formalidade, porém com uma lógica e coerência, ultrapassando as diferentes modalidades artísticas contemporâneas até então conhecidas. Em nível artístico, o processo sociocultural é veiculado e retratado na sua totalidade. 

Além disso, todas as obras do Bispo do Rosário apresentam os alicerces básicos de uma criação artística: um planejamento de elaboração, a originalidade de execução e sua marca como autor (basta ver a obra e saber quem a fez). 

O Muro

As obras do Bispo do Rosário continuam sendo rotuladas como “arte marginal”. Esse rótulo deriva da sua condição de internado num manicômio e pelo diagnóstico de esquizofrenia, dos delírios místicos, da exclusão e da marginalidade social. Mas são obras que fascinam e causam admiração porque inclui valores, variedade de discursos e pode estudada tanto no sentido das disparidades como nas suas peculiaridades com a realidade.

O Carrossel

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