quinta-feira, 19 de outubro de 2017

DO CROCHÊ PARA O TRICÔ


O tricô é bem mais antigo que o crochê. Embora não se saiba onde, quando ou quem começou, sabe-se por achados arqueológicos que é uma prática milenar. E com essas informações pode-se traçar, mesmo que em linhas gerais, um pouco de sua história.

Em escavações arqueológicas foram encontrados vestígios de peças tecidas em lã ou algodão. Por sabermos que esses materiais são facilmente decompostos pela ação do tempo, esses vestígios nos levam a supor que, em épocas muito remotas as pessoas já teciam manualmente.

Em buscas arqueológicas realizadas no Egito, os arqueólogos encontraram pedaços de meias tricotadas que datam de 1.000 anos a/C. Essas peças possuíam muitas imperfeições, porém continham desenhos bastante complicados. Isto que nos leva a crer que, o progresso do tricô foi desenvolvido ao longo de milhares de anos, num processo de tentativas e erros e que fizeram com que essa habilidade chegasse aos dias de hoje.

Uma alusão ao tricô, está expressa na “Odisséia” de Homero e que, provavelmente, data do final do século VIII a/C. Numa das histórias retratadas nessa obra, Penélope, esposa de Ulisses andava triste e preocupada, pois o marido havia saída em viagem e demorava a regressar. Por causa dessa demora, o pai da moça, manda que ela procure um novo marido. Para evitar essa escolha e ganhar tempo, Penélope começa a tece uma túnica e diz ao pai que só fará a escolha quando a terminar. Porém, o que era tecido durante o dia, ela desmanchava durante a noite. Assim, ganhava tempo e esperava que o marido retornasse da viagem. 


Uma outra alusão mais tardia é o quadro “Visita do Anjo”, do Mestre Bertram e que data do século XVI d/C. Nesta obra a Virgem Maria é retratada tricotando uma camisola (blusa) com 5 agulhas.

Arquivo arqueológico da primeira agulha de tricô 

Em 1964, uma equipe de arqueólogos encabeçada por Anne Stine Ingstad e seu marido (ambos noruegueses) descobre uma agulha de tricô numa escavação realizada em L’Anse aux Meadows (Terra Nova, Canadá). Exames realizados com carbono 14 nessa agulha revelam que ela data de 1000 anos de nossa era. Acredita-se que essa localidade tenha sido uma aldeia vicking.

Como se pode perceber por esta pequena cronologia, o tricô é uma atividade muito antiga. Trata-se da habilidade que os humanos desenvolveram ao longo do tempo e que se pode definir como sendo a  “arte de entrelaçar fios por meio de duas ou mais agulhas”. Com isso, pode-se dar ao trabalho a forma desejada, seja ela reta ou circular.

Sabe-se que nossos antepassados usavam como fios o algodão ou lã, devido as atividades agrícolas ou pastoris instaladas na região e, com esses materiais faziam os fios. Mais tarde, descobriram outros materiais como a caxemira e o linho

No entanto, era ainda bastante rudimentar no seu início e poucas pessoas tinham essa habilidade. Presume-se que a massificação dessa habilidade tenha ocorrido no Egito. Mas foi na Europa Medieval que essa prática se tornou constante e utilizada não só no vestuário comum e eclesiástico, como também em tapeçarias e bordados onde as peças de lã ou algodão eram tingidos com várias cores e tinham desenhos diversos e complexos.

O escritor e pesquisador Le Goff afirma que as artesãs medievais teciam e vendiam seus trabalhos nas lojas dos maridos ou de outros grandes comerciantes. 

                                                            Artesã da era medieval

A ocupação da mulher na Era Medieval era uma preocupação constante. Acreditava-se na ocasião, que a mulher tinha maior valia se colaborasse nas finanças da família. Por isso, os pais colocavam as meninas para aprenderem trabalhos manuais peque-nas. Por outro lado,  preocupavam-se  também com o  futuro delas, caso anos  mais tarde enviuvassem ou passassem por situação de pobreza. E sabendo fazer alguma coisa, teriam como sobreviver e se manter.
Primeira máquina de tricotar 

A primeira máquina de tricotar foi  inventada em 1589, pelo inglês William Lee. Essa máquina possuía os princípios  fundamentais de funcionamento e que vigoram nas máquinas da atualidade (século XXI). Porém, apenas no século XIX que essa máquina se popularizou por causa da industrialização.  Desde então, adquiriam grande impor-tância, principalmente nas guerras locais ou mundiais, onde fabricavam o vestuário de civis e militares.

O TRICÔ NOS DIAS ATUAIS

                         
Grupo de mulheres fazendo tricô  

artesã do final do século XIX

Essa habilidade conquistada ao longo das várias eras geológicas vem sendo desprezada desde a chegada da industrialização. No entanto, em meados do século XX foi quase que totalmente abandonada com a pecha de estar ultrapassada. A maioria da população procura cada vez mais os produtos industrializados do que os confecciona. E hoje em dia, essa habilidade é considerada como um trabalho de segunda classe, como passatempo ou como um negócio pequeno ou de pouco valor financeiro. Mas a verdade é que o tricô (assim como o crochê) nunca caiu de moda. Há sempre quem queira uma peça exclusiva e original, já que a indústria confecciona milhares de peças exatamente iguais.


Peça feita em máquina de tricotar industrial, onde  
milhares são produzidas exatamente iguais 

Embora não haja mais a necessidade de confeccioná-las para a sobrevivência como aconteceu na Idade Média, há sempre um lucro extra envolvido para quem se dedica a essa prática. Seja para vender, para o uso pessoal ou da família, por diversão, passar o tempo, costumizar um vestuário fora da moda ou por necessidade de terapia ocupacional, o tricô não impõe limites à criatividade e está constantemente se aperfeiçoando. E sempre é muito bom tricotar.

Os fios são apresentados em novelos, cones, meadas de lãs e linhas 
numa variedade incrível de cores e texturas


As indústrias de fios lançam inúmeros tipos deles (com ou sem texturas, grossuras e em cores variadas, brilhantes ou opacos) que sugerem uma infinidade de desenhos e modelos para as peças. E ainda podem ser combinados com tecidos de texturas variadas, além do couro ou materiais sintéticos.

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