sábado, 9 de dezembro de 2017

BORDADO


Ao perderem os pelos que cobriam seus corpos, os hominídeos passaram a cobri-los com peles de animais para enfrentarem o frio rigoroso das localidades onde paravam para descansar de suas caminhadas, já que eram nômades. Mais tarde, passaram a amarrá-las ao corpo. Porém, ao construírem os primeiros abrigos estruturados com galhos e cobertos com peles de animais, alguém teve a ideia de fazer uma amarração para evitar que fossem levadas pelos ventos. E inventavam a costura, que pouco depois, foi utilizada na confecção das primeiras roupas. Para facilitar o trabalho inventaram um utensílio importantíssimo: a agulha. A princípio eram feitas de ossos e, bem mais tarde, de madeira. O tempo aprimorou as agulhas e as costuras. E com esse aprimoramento ambas chegaram aos dias de hoje.
 

 Os humanos, nas sociedades primitivas antigas, sempre gostaram de se enfeitar. Usaram ossos, penas e pedras amarradas a fios da própria natureza e pinturas no corpo e face para anunciar o status de liderança. 


Com a descoberta dos metais, fizeram armas armaduras para defesa nas lutas e para a distinção dos mais valentes. As coroas e joias distinguiam a nobreza da ralé.  E no meio disso tudo, surge um movo modo de mostrar suas riquezas, de mostrar seu status e de se diferenciar dos demais: o “bordado”.



Quem o inventou, quando e onde é impossível saber com certeza, pois não haviam documentos escritos. O que sabemos ou tentamos saber é apenas através de monumentos antigos, esculturas, pinturas e gravuras onde foram representados. E através dessas obras de arte podemos formalizar um pouco de sua história.


Nas margens do Rio Eufrates, muitas civilizações antigas se desenvolveram. E nessas civilizações o bordado era muito cultivado. Nos monumentos gregos pode notar os bordados nas túnicas dos deuses, semideuses e heróis ali representados. Homero fala dos bordados de Helena e Andrômaca na passagem da guerra de Tróia. Os hebreus citam Moema como a inventora do bordado e foi muito usado entre eles. E na Bíblia existem inúmeras passagens que fazem menção aos bordados.

almofada bordada Egito - séc IV

tapeçaria da Grécia Antiga


Dos povos antigos, os romanos foram os que menos se valeram do bordado até a formação do império. No entanto, foram os romanos que fizeram com que o bordado se espalhasse pelo mundo. Tornou-se uma verdadeira “febre” a partir do século VII.

bordado de figuras sacras - Itália

Via-se bordados por toda parte, da plebe à corte. As abadias e mosteiros transformavam-se em oficinas e ensinavam a quem quisesse aprender. Não durou muito para que nos séculos seguintes aparecessem armas, escudos, brasões, flâmulas e bandeiras bordadas em cores e em ouro e prata. Já no século XVI, surgem os bordados de imagens de figuras e fatos religiosos e históricos que assemelhavam-se às pinturas.

Desse modo, a Itália tornava-se o maior centro das artes (bordado) do mundo, servindo de inspiração cultural e econômica para toda a Europa.
Com o tempo, surge a necessidade de inovar. Os bordados que antes eram planos ou em relevo, passam a ter recortes formando uma espécie de rendado. Na Renascença, o bordado se transforma numa arte puramente decorativa (artesanato) de interiores como as tapeçarias, estofos para móveis, reposteiros com outros temas que não fossem os religiosos.

                            toalhinhas para móveis                             toalhas de mesa

As toalhas de mesa e as famosas “toalhinhas para móveis” surgem no século XVII. E no século XVIII, os bordados estão nas roupas íntimas brancas e com desenhos mais delicados e cor.

Então chega a modernidade, a industrialização e suas máquinas. O bordado manual demorava meses para ficar pronto dependendo do tamanho da peça. Por isso, um operário de nacionalidade francesa inventa, em 1821, a primeira máquina de bordar. Sua intenção era facilitar o trabalho das bordadeiras e, logicamente, poderem ganhar mais. 
A máquina proporcionava mais rapidez na produção e na multiplicação das peças. A novidade foi bem aceita no início, apesar de perder a qualidade, a elegância e a exclusividade das peças artesanais. Por isso, o século XIX vê o bordado entrar em declínio. No entanto, no final desse século, surge um movimento encabeçado por William Morris, cujo nome era “Artes e Ofícios”, que deu nova vida aos bordados.

O século XX, apesar da boa convivência entre os bordados manuais dos mais variados tipos e gêneros e as reproduções mecânicas mais modernizadas, ocorre um fato interessantíssimo: alguns gêneros feitos manualmente caem em desuso, enquanto outros fazem o maior sucesso. É o caso dos manuais, bordados em branco sobre tecidos da mesma cor e que se tornaram símbolo de alto status social. Até os anos de 1950, era chique usar bordados com desenhos ou monogramas em branco sobre branco em toalhas de mesa lenços e enxoval de bebês e que ficou conhecido como “bordado da Ilha da Madeira”. Na verdade, o bordado da Ilha da Madeira era executado em fios de cor azul (ou outra cor) mas sempre em tons claros sobre tecido branco.

Outro acontecimento foram as aplicações complementares (como missangas, pérolas e lantejoulas ou bordados recortados) trazendo de volta o gosto pelos trabalhos manuais.

Houve um tempo, em uma moça que pretendesse se casar e ser considerada uma boa esposa, precisava aprender a bordar entre outros atributos domésticos. Mas com o tempo, isso deixou de ser uma condição necessária. Estamos no século XXI e os bordados continuam sendo prestigiados. Ganharam novos motivos, inspirações, vitalidade e utilidade. Os bordados enriquecem a decoração dos ambientes, identificam empresas, clubes, times de futebol e outros esportes por meio de suas logomarcas bordadas, torna-se um meio de produzir riquezas e fazer parte da economia de um país pela produtividade, qualidade e eficiência, de agregar valores culturais e de embelezar qualquer peça.

Traz ainda, satisfação pessoal e ser uma forma terapêutica, se for feito manualmente e, ascensão econômica e social, se realizado por meio das máquinas. Conclui-se que todo ser humano de posse de agulha, linhas e um pedaço de tecido pode aprender a bordar e ganhar a vida bordando.

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