domingo, 1 de maio de 2016

A FOTOGRAFIA COMO RECURSO DA ARTE-TERAPIA


A fotografia é uma atividade livre, portanto, é um excelente recurso arte-terapêutico. A fotografia, segundo Selma Ciornai (2004), é uma foram de linguagem simbólica, repleta de manifestações expressivas de conteúdos e motivações inconscientes em forma de imagens. Logo, se presta ao tratamento arte-terapêutico.

De acordo com Associação de Arteterapia do estado de São Paulo (AATESP), a Arte-Terapia visa o conhecimento do sujeito e os fenômenos do mundo que o cerca através de um contexto de exploração daquilo que produz artisticamente utilizando recursos criativos e expressivos e assim resgatar e integrar esse sujeito no contexto dos acontecimentos por meio do ato criativo e do seu produto no contexto arte-terapêutico. Ou seja, contribui para o desenvolvimento harmonioso do sujeito e de suas capacidades por meio do processo de autoconhecimento.


Este processo serve para todos: crianças, jovens, adultos e idosos sadios ou com algum problema, individualmente ou em grupo, num consultório ou em uma instituição. Existem diferentes abordagens que levam ao mesmo fim. A Arte-Terapia com base na teoria de Jung vale-se de materiais expressivos destinados a uma criação simbólica presente no imaginário de cada pessoa. É esse imaginário que refletem as estruturas psíquicas da camada mais superficial e mais particulares (inconsciente pessoal) e das mais profundas e que são comuns a todos os indivíduos (inconsciente coletivo).


A proposta da Arte-Terapia tem como base a ideia de que as pessoas devem trabalhar livremente, ou seja, escolhem o material, a técnica e os materiais. A intervenção do arte-terapeuta deve sem mínima e, se possível, não deve interferir, para garantir que a produção artística e psicológica seja realmente espontânea.

A fotografia é uma imagem e está presente em tudo ao nosso redor: nos jornais e revistas, nas propagandas e nos livros, nas casas e nas ruas, nos museus e na mídia etc. Ela é onipresente, passam mensagens e, inúmeras vezes, influem na maneira como vemos o mundo.

A fotografia é sempre muito reveladora. Fotografar é um tipo de jogo de tempo e espaço. Um jogo muito sensível que captura um instante do tempo. É um registro de um momento da vida de alguém e que nunca mais será repetido, mas que evoca lembranças, sonhos, desejos e nos confronta com a realidade.


Nesse jogo com o tempo, a imagem fotografada, que parece viva, real e presente com apenas um clic vira passado e lembranças. Por outro lado, uma fotografia do passado pode reviver a mesma emoção daquele instante tão distante.

Através da leitura dessa imagem podemos relembrar o cheiro do lugar, ouvir os risos da turma, o aroma de uma refeição e até mesmo sentir o vento, o frio ou calor do lugar. Isto porque as fotografias evocam mais lembranças associadas do que a imagem registrou.  E essa leitura adquirem um novo significado e insere-se num novo contexto. E são os significados do antes e do depois que interessam à Arte-Terapia.

Muitas das emoções e sentimentos revelados na leitura de uma imagem fotográfica podem ser transformados em palavras e verbalizados. Mas muitos outros, não podem ser ditos. São tão dolorosos que, mesmo querendo, as palavras não saem. 


E é, nessas condições, que a fotografia pode ser um grande auxiliar da comunicação desses significados permitindo ao terapeuta compreender de onde começaram os obstáculos que levam essa pessoa a se calar. Com o conhecimento das causas e a compreensão delas o terapeuta pode ajudar a pessoa a encontrar um novo significado para esses obstáculos. A fotografia é, portanto, recurso riquíssimo para o processo terapêutico.

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