Ao
vermos uma imagem fotográfica podemos: simplesmente ver ou observar alguma
simbologia. Para Jung, as imagens que fotografamos, desenhamos ou pintamos são
capazes de representar situações inconscientes que vivemos num determinado
tempo ou ocasião. Por isso, qualquer imagem produzida pelas pessoas, são ricas
em símbolos. Observar ou não essa simbologia depende única e exclusivamente de
um olhar atento.
A
história das imagens começou nos primórdios da humanidade e do psiquismo
humano. Já o imaginário é do domínio da imaginação, que nada mais é do uma
capacidade criativa e produtora de imagens interiores (semelhante aquelas que
formamos quando lemos um livro e vemos a cena mentalmente). Elas são responsáveis
pela formação da nossa identidade ou individualidade, seja criando personagens
ou sentimentos. Por isso, não as controlamos, nem tampouco decidimos que
imagens nosso imaginário vai criar. Portanto, cada imagem está impregnada de
símbolos e de significados.
Para
Jung, mesmo que uma imagem nos pareça corriqueira e banal, pode apresentar algo
vago, desconhecido, oculto e que, geralmente, suscita uma pergunta sobre algo
que vai além do que está mostrado. E diante desse questionamento dentro de um
processo terapêutico, a imagem nos ajuda a estabelecer uma relação entre os
fatos
O
símbolo não é observado pelo seu autor, embora esteja ali, através de uma
mensagem viva e intuitiva. Por isso, o observador (terapeuta) o pressente, mas
não o reconhece de imediato. O símbolo é sempre uma sugestão de um
questionamento e exige a participação do criador da imagem e do observador.
Quando
o autor da imagem (ou diante de uma) não quer ou não pode falar sobre essa imagem, outras podem
ser utilizadas para que ele revele aos poucos o motivo do símbolo ter
aparecido. Portanto, o terapeuta deve ser paciente e ir fazendo as associações
á medida que novos símbolos vão aparecendo. É, portanto, uma espécie de
quebra-cabeça simbólico formado por imagens simbólicas, vindas do inconsciente
do seu autor ou do que vê na imagem.
Conhecer
os símbolos de uma pessoa é conhecê-la profunda e intimamente. Por isso, a interpretação
que a pessoa faz desses símbolos permite que o terapeuta decodifique a imagem e
a conheça melhor. Por isso, as observações e o que se percebe dos símbolos de
uma pessoa são particulares e só dizem respeito a ela. Mesmo quando um mesmo
símbolo é utilizado por outras pessoas, os motivos e as interpretações diferem
e, por isso mesmo, não pode ser generalizado.
Mas
algumas são bem previsíveis como por exemplo, as de caminhos. Segundo os
dicionários da Língua Portuguesa, caminho significa “faixa de terreno destinada
ao trânsito de um lugar para outro ponto.
No
novo dicionário Aurélio da língua portuguesa (2004), temos a definição de
caminho como estrada, vereda, trilho”, “direção, rumo, destino, “espaço
percorrido ou por percorrer, andando”, dentre outros. Ir por um caminho é ter
um sentido de orientação na vida, ou um comportamento de sair de um lugar e ir
para outro, ou ainda de iniciar um movimento de sair daquele lugar. Em termos
simbólico, representa a vontade ou o desejo de mudar uma situação, de realizar
uma mudança com um objetivo certo ou ainda não definido.
No
entanto, se for a imagem de uma bifurcação nesse caminho, representa que a
pessoa quer a mudança, mas ainda não tem certeza de sua escolha entre duas
opções. É o que chamamos de “polaridades”. Envolve também a renúncia, pois
sempre que se escolhe uma coisa entre duas, aceitamos uma e renunciamos a
outra. E a escolha é sempre da pessoa e não do terapeuta. A tarefa do segundo é
a de fazer o primeiro refletir sobre sua situação, o que sofreria menos na
questão da renúncia e assim por diante.
Se,
por exemplo, for um caminho cheio de curvas, algumas até escondidas por uma
vegetação ou montanhas. A sensação que sentimos ao ver a imagem é a de que
existe uma interrupção nesse caminho. E quando ela aparece na terapia, algumas
explicações ou interpretações podem ser levadas em conta: a) pode ser uma
vivência da pessoa que começa uma coisa muito bem e pouco depois é interrompida
para recomeçar mais adiante; b) pela demora do seu desenvolvimento no seu
processo terapêutico; c) por sensações de nunca alcançar os objetivos
que almeja.
O
caminho sinuoso é uma imagem riquíssima em reflexões, principalmente se a
associarmos a um “labirinto”. Reflexões sobre a assertividade, de valor ou invalidade
dos resultados, de ansiedade, impaciência ou pressa de atingir um resultado. A
ajuda é realizada com novas reflexões sobre por onde começar, qual caminho a
ser percorrido para chegar, sobre o tempo que isto gasta e se chegar, se ficará
satisfeita com o resultado.
Os caminhos com obstáculos são oportunos
para novas reflexões. Com certeza, qualquer obstáculo impede ou dificulta o
caminho e o torna mais longo ou demorado, dependendo da atitude que tomamos
diante dele: remover o obstáculo, procurar um atalho ou recuar.
O
trabalho do terapeuta é o de fazer a pessoa descobrir dentro de si própria: a)
as dificuldades que a estão impedindo o seu caminhar e dar nomes a eles; b) se
existem alternativas internas ou externas que facilitem seu caminhar; c) e o
que está disposta a fazer e por quê.
Muitas
imagens possuem caminhos suspensos, como as pontes rústicas, por exemplo. Evidentemente,
nos faz lembrar de problemas ou caminhos pendentes que ainda não se resolveram.
Quando usadas para saber que emoções ou sentimentos essa imagem provoca, geralmente
vem á tona a questão da insegurança. E as reflexões sobre o tema são inevitáveis.
Algumas vezes, pode significar esta imagem pode representar a passagem de um
estágio para outro: do eu era para o eu sou.
Confrontando-se
a imagem com uma suposta travessia, pode-se explorar várias facetas do
desenvolvimento da vida de uma pessoa. Como ela se sente, o que vê, o que pensa
são dicas importantes para o conhecimento íntimo (projeções) dessa pessoa.
Se
a imagem é a de um caminho percorrido a dois, o tema já muda. Reflete-se sobre
a cumplicidade do parceiro (a), da segurança e proteção dada pelo companheiro (a), das
experiências já vividas, do prazer do caminhar e sobre os momentos em que isso
acontece.
Se
a imagem mostrar a interrupção de um caminho por causa de um abismo, por
exemplo, não precisa ser adivinho para saber que indica uma ação parou. O terapeuta
pode querer saber que emoções a visão dessa imagem provoca, ou pode sugerir que
a pessoa tente continuar nesse caminho criando alternativas para isso, como por
exemplo: ser levado por um pássaro gigante para o outro lado, um raio luminoso
a transporta, uma nave espacial aparece etc. Nessas fantasias também há a
simbolização.
Mas,
pode ainda sugerir que a pessoa descreva o que ela vê lá embaixo ou o que
espera encontrar nesse lugar. Neste caso, a imagem permite que novos
simbolismos estejam presentes, mas não simbolismos de interferências, mas de
transformação, de criação.
O
arte-terapeuta ainda pode mostrar todas elas, ao mesmo tempo, e questionar como
a pessoa se sente ou se situa naquele momento. Para isto, ele terá que escolher
uma imagem. E assim, encaminhar as reflexões necessárias. O mesmo pode ocorrer
com janelas e portas. As fotos ou imagens com sótãos também são muito
interessantes.
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