terça-feira, 30 de abril de 2019

A ARTE CONCEITUAL NO BRASIL

Como tudo o que é inovador, há os que gostam e elogiam e os que não gostam e criticam. No Brasil, não foi diferente. De 1964 a 85, o Brasil uma época difícil marcado por lutas de guerrilheiros armados. E o povo, cansado da desordem que se instalara no país, sai às ruas para pedir uma intervenção militar.


Regime Militar foi marcado por um viés conservador que objetivava trazer a ordem e o progresso no país que estava sendo atacado por grupos revolucionários. E é nessa época que surge as Artes Conceituais no país. 

As artes se apresentam de diversas formas: pintura, escultura, artes gráficas, dança que se expressavam de uma maneira nova e transgressoras ao que as pessoas  estavam acostumadas a ver. E, justamente, numa época de Regime Militar. Correto ou não, as autoridades entendiam que as Artes Conceituais tinham cunho contestador cujas propostas tinham como alvo o Estado e o regime a nível ideológico, político e social. E, partindo deste entendimento, a solução encontrada foi a censura.


No entanto, a censura atingiu com mais força a música e, mais especificamente, o canto, porque era a forma mais fácil de transmitirem as ideias revolucionárias para a maioria da população. As autoridades viam “sentidos obscuros por detrás” das palavras das letras das canções que faziam sucesso na época. Por exemplo, vejam esta canção famosa de Adoniran Barbosa:



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Cantores e compositores como Caetano Veloso, Zé Keti, Carlos Lyra, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Toquinho, Belchior, Taiguara, Milton Nascimento dentre outros, tiveram suas músicas censuradas. Alguns intérpretes também foram censurados, entre eles: Elis Regina (Tiro ao Álvaro) e Gal Costa (Vaca Profana).

Se haviam ou não algo escondido, se foi ou não devaneio dos militares não se sabe e nem cabe discussão. Mas o fato é que: artistas reclamavam da censura e das prisões e alguns compositores e intérpretes foram exilados, por estarem alinhados a grupos revolucionários. 

sexta-feira, 12 de abril de 2019

O QUE SÃO ARTES CONCEITUAIS?

Durante muitos séculos, as artes eram realizadas pelos grandes mestres, eram belas e tinham uma perfeição de formas e de detalhes que impressionavam o observador. Eram um misto de delicadeza e talento.


"A moça do brinco de pérola" é obra do pintor 
holandês Johannes Vermeer 

Com o passar do tempo, os artistas decidiram experimentar novas formas e novos materiais. E com isso tudo, formaram assim um vasto repertório em que as ideias sobrepujavam o objeto artístico.

Nos anos 1970, os artistas passaram a confrontar os suportes tradicionais, já que muitas de suas experiências artísticas haviam apresentado bons resultados, como por exemplo, os trabalhos produzidos em vídeos e computadores.

obra de Sol LeWitt 

obra de Ron Mueck

Diante de uma diversidade de meios para materializar uma ideia e seus processos, realizados em suportes transitórios e reprodutíveis como as fotografias, os audiovisuais, as xerox, off-sets, postais etc, começava a ganhar corpo. Estabeleciam nova forma de linguagem artística, cujo item principal era o conceito e não mais o objeto reproduzido.


 
obras de Duchamps

Nas obras de Marcel Duchamps, nos anos 60, o artista inspirando-se em objetos do cotidiano das pessoas, reapresentava-os como elementos do seu processo criativo. Assim, privilegiava sua ideia enquanto a visão do objeto diminuía. Ainda nessa década, muitos artistas fizeram o mesmo que Duchamp. Os observadores ficaram espantados no início, mas depois acharam original e criativo.
cartaz publicitário do Grupo Fluxus

A década de 60 foi uma época de “vanguarda”, ou seja, de avanços nas experimentações. Tanto que o termo “arte conceito”, adotado em 1961, por Henry Flynt, que fazia parte das atividades de um grupo chamado “Grupo Fluxus”, de Nova Iorque.  As atividades do grupo era um movimento artístico que se opunha aos valores burgueses, ás galerias e ao individualismo. Este grupo fora criado na Alemanha um ano antes, durante o Festival Internacional de Música, cujo líder era George Maciunas.

obra em movimento

Em 1969, na Inglaterra, a revista “Art Language” foi publicada com a inscrição no subtítulo: “Revista de Arte Conceitual”. Assim, todos os trabalhos que apresentassem o uso de meios provisórios, de fácil reprodução em grande quantidade, e de um sistema alternativo de distribuição a museus e galerias de renome recebiam a denominação de “arte conceitual”. E, pouco a pouco, museus e galerias passaram a se abrir para essas novas linguagens. O resultado final é que esse tipo de arte se multiplicou e se espalhou pelo mundo afora.

Arte Conceitual foi um movimento artístico criativo e inovador que surgiu entre os anos de 1960-70, com o objetivo de reagir contra o formalismo da arte das décadas anteriores, e pretendia:

a) a valorização do conceito (ideia do artista) se sobrepondo ao objeto ou situação representada;

b) a utilização de vários materiais como suporte (performances e instalações artísticas, vídeos e outros) onde misturavam pinturas, colagens ou fotos com palavras, frases, textos, etc;

c) desenvolver uma arte voltada para a proteção ambiental, aproveitando materiais reciclados e que servissem de alertar para sua preservação;

d) uma volta ao figurativo, dando valor a forma humana, a natureza e os objetos criados pelos homens;

e) por fim, romper com o passado.