sábado, 14 de maio de 2016

O RECURSO FOTOGRÁFICO NA TERAPIA


Nosso cotidiano está rodeado de fotos: nas propagandas, jornais e revistas, nos livros de todos os tipos, nos museus etc.


A fotografia é o registro de um momento capturado no tempo e no espaço onde acontece um evento qualquer. Fotografamos a família, o desenvolvimento dos filhos, de um lance bonito num jogo de futebol, um baile, de uma refeição em família, de um lugar que visitamos em uma viagem, de um lugar que nos agrade ou de nós mesmos. Todas estas fotografias revelam uma imagem estática de um momento que jamais se repetirá.

A fotografia age como uma espécie de jogo, pois não revela apenas a imagem. Ela traz consigo uma gama de lembranças, sentimentos, emoções e sensações visuais, auditivas, olfativas, gustativas e táteis boas ou ruins daquele momento. Por isso, ninguém sabe ao certo o que ela expressa, mas como toda imagem, é muito reveladora.

Sempre que observamos uma fotografia, revisitamos o passado e o confrontamos com a realidade do presente. Não a olhamos simplesmente por olhar. Algumas fotografias prendem mais o nosso olhar que outras. Isto porque elas trazem algumas informações que são importantes para nós. Se essas informações forem boas, podemos falar sobre ela, contar os fatos com riqueza de detalhes, dizer como nos sentimos, lembrar, por exemplo, do vento que esvoaçava os cabelos, do gosto de algo que comemos, do aroma do lugar, etc.  No entanto, também pode nos calar revivendo o medo, a dor e o sofrimento vivido ou da percepção que tivemos naquele momento. Então, podemos dar a essa imagem um novo significado ou um novo contexto.A nova significação ou contextualização da imagem ou fotografia acontece por meio de “projeções” ou “associações”.

PROJEÇÕES

Segundo Jung, “as projeções são processos automáticos e inconscientes em que o sujeito se transfere para um objeto (no caso a fotografia) como se aquilo que o incomoda pertencesse ao objeto (foto) e ela dá um significado”.

No início do processo terapêutico, a pessoa acredita que é a fotografia que lhe faz relembrar coisas ruins que aconteceram com ele, no entanto, durante as sessões de terapia, passa a compreender que o problema está com ele e não na foto apresentada. A tomada de consciência faz com que as projeções acabem. Só então, tem início o processo de autoconhecimento.

ASSOCIAÇÕES



Quando um evento desagradável acontece marca o sujeito. Nesse momento, ele pode ouvir algumas palavras ou ruídos que ficam em sua mente. A simples menção de uma delas em outras circunstâncias ou situações faz com que esse sujeito reaja de forma diferente (mostrar medo, tremer, ficar nervoso ou agitado, calar-se ou falar por monossílabos, etc). Assim, segundo Jung, as “associações” são compostas por uma lista de palavras de ligações espontâneas de ideias, percepções, imagens, fantasias com ou sem qualquer ligação ou significado com o fato ocorrido. Então o sujeito elabora uma lista de palavras que o lembram do fato desagradável pelo qual passou. Por isso, Jung chamou essas palavras de “indutoras”, porque as palavras induzem o sujeito a lembrar do que lhe é desagradável. Jung ainda explica que essas palavras mexem com os conteúdos emocionais do sujeito de forma inconsciente. Jung chamou as reações do sujeito de “complexos afetivos”.

Quando a fotografia é usada como recurso terapêutico as imagens são indutoras. E por isso, são também simbólicas. Palavras ou imagem indutoras só podem ser percebidas pelo terapeuta através do seu olhar atento e observador, pois estão fora do alcance de compreensão dos sujeitos, portanto, impossível que a pessoa as reconheça por si só.

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