Para saber o porquê do Carnaval
Brasileiro encantar o mundo inteiro é preciso que se conheça, pelo menos um
pouco, a sua história, seus erros e acertos.
Portugal, assim como outros países da Europa, tem grande tradição carnavalesca. Apesar dessa tradição,
não chegou a ter os olhos do mundo voltados para ele como aconteceu com
Veneza, na Itália.
Em Portugal, essa
festa era conhecida como “entrudo” e acontecia dias antes da quaresma, um período de 40 dias em que as pessoas não deviam comer carne, em
respeito ao sofrimento de Jesus Cristo na Via-Sacra. Assim, na festa de
entrudo, comiam carne á vontade para aguentarem a abstinência no período
seguinte. Daí vem o nome Carnaval, cuja origem do latim (língua falada
naquela época) é “carne levare”, cujo
significado correto é “privação de carne”.
Nessa festa, também era
costume a brincadeira de as pessoas atirarem água, ovos e farinha umas nas outras
e, para isso, se fantasiavam, usavam máscaras e saíam ás ruas cantando e
dançando. Assim, o entrudo ganhava um sentido de liberdade. Sentido este que
ainda é conservado nos dias atuais.
Após o descobrimento,
os portugueses começaram a vir para cá. E com a vinda deles, a tradição veio junto.
Porém, nos primeiro tempos da era colonial, a festa se resumia a brincadeiras
entre familiares que, aos poucos foi se perdendo, devido ás lutas contra os indígenas e invasores estrangeiros, além das grandes distâncias entre os povoados e feitorias.
No entanto, reaparece
quando a colonização aconteceu de fato. Era marcada por atirarem água e farinha
uns nos outros. Porém, com a escravidão, a brincadeira se tornou mais violenta.
Brancos e negros se defrontavam atirando baldes com água, balões com vinagre ou
groselha, cal e farinha para molhar e sujar as pessoas.
Este tipo de
brincadeira carnavalesca durou muito tempo, sendo proibida somente em 1840, quando as
festas carnavalescas passaram a se concentrar nos salões, inspirados nos bailes
europeus.
Lá, as pessoas iam vestidas com requinte, usavam máscaras e se divertiam, dançando. Mas, nas ruas,
apesar da proibição, a brincadeira continuava a mesma. E só parou no início do
século XX com a introdução e popularização do confete.
O carnaval brasileiro
ficou reduzido aos salões e para foliões selecionados que queriam se divertir
com tranquilidade e segurança. Estas festas fizeram sucesso. Nesses bailes,
além da música e da dança, havia concursos de fantasias, onde eram premiadas: a
mais bonita, a mais rica e a mais original. Porém, em meados do século XX foi
perdendo força. Deixou de ser elitista para se tornar mais popular.
Por volta de 1850, a
brincadeira de rua foi ganhando expressão com uma nova forma de se divertir no
carnaval. Aparece pela primeira vez uma espécie de passeata de foliões pelas
ruas do Rio de Janeiro: o “zé-pereira”. Nessa passeata, os foliões caminhavam e
dançavam ao som de tambores. As batidas dos tambores faziam
as pessoas seguirem os foliões, fosse por curiosidade ou por vontade de se
divertir também.
Nos anos iniciais do
século XX, o “zé-pereira” foi substituído pelos “corsos”. Os corsos eram um
desfile de carros de capota aberta e caminhões enfeitados que passeavam pelas ruas
do Rio de Janeiro. Nesses carros, iam pessoas fantasiadas (da família ou em grupo
de amigos), cantando e jogando confetes e serpentinas uns nos outros, e nas
pessoas que caminhavam pelas calçadas. Estes corsos desapareceram em 1930 (Rio
de Janeiro) e, um pouco mais tarde, em São Paulo, onde o carnaval era menos
expressivo.
Surge no Rio de
Janeiro, as “grandes sociedades”, uma série de clubes que tinham como objetivo organizar
a folia carnavalesca e o carnaval de rua. Esses foliões saíam pelas ruas da
cidade com: comissão de frente (formada pelos dirigentes destes clubes), carros
alegóricos e bandas próprias. A letra das músicas que entoavam era o tema dos
carros alegóricos, que mostravam os problemas do país e criticavam os
políticos. Esses grupos tiveram prestígio porque muitos artistas, escritores, poetas
e políticos participavam deles, mas, atraiam um público bastante reduzido.
Ainda no Rio de
Janeiro, surgem os ranchos ou cordões. Estes, foram inspirados numa festa
folclórica da Bahia, o Reisado. Nesta festa folclórica se encena a caminhada de
pastores e pastoras a Belém para conhecerem o Menino Jesus e prestigiarem seu
nascimento oferecendo-lhe presentes. Na caminhada, os pastores batem de porta
em porta e cantam pedindo “prendas”, que podem ser roupas, comida ou o que
puderem ofertar. A principal característica do reisado é a riqueza, a beleza e
colorido do vestuário dos participantes. Os ranchos cariocas, por sua vez, não
deixaram a desejar. Capricharam nas fantasias, no luxo e na originalidade. Foram
os ranchos que tornaram populares as famosas marchinhas de carnaval, como: “Mamãe
eu quero” e “Taí”, entre outras. Os ranchos fizeram muito sucesso.
Por fim, surgem as
Escolas de Samba. Sua origem é carioca e muitas delas aproveitaram a experiência
e tradição dos ranchos, transformando os porta-estandartes do reizado nos
Mestre-salas e Porta-bandeiras de hoje. A primeira delas foi a “Deixa Falar”, criada em
1928, no bairro do Estácio, RJ. Depois, outras foram criadas como a ”Estação
Primeira de Mangueira” e a Portela ( antiga “Vai Como Pode”).
O desfile das Escolas
de Samba agradou aos brasileiros e ao mundo. Seus adeptos são cada vez mais
numerosos. A Praça Onze, local onde era tradicionalmente realizado esses
desfiles, ficou pequena demais para abrigar as inúmeras escolas que se formaram
e seus integrantes. Por isso, em 1970, foi criado um lugar mais amplo e apropriado
para os desfiles: o Sambódromo.
Como o Brasil é muito
grande, cada região desenvolveu o seu jeito de brincar o carnaval. Por isso,
temos uma variedade de estilos . No Nordeste,
prevalece o carnaval de rua. Na Bahia, os foliões dançam acompanhando os Trios
Elétricos, criado em 1950, por Dodô e que agora, estão se espalhando por todos
os cantos do país. Em Pernambuco, a Frevança, ou seja, os blocos de foliões
dançam ao ritmo quente do frevo. Do centro ao sul, os desfiles das Escolas de Samba.
POR QUE O CARNAVAL
BRASILEIRO ENCANTA O MUNDO?
Por toda essa mistura
de influências (indígena, europeia e africana), por todas as nossas tradições
folclóricas que são belas e riquíssimas, por toda a variedade de festejos, por
todo o brilho do luxo e do lixo transformados em carros alegóricos e fantasias, pelo nosso ritmo, pela criatividade do nosso povo e pela multidão que se aglomera para brincar o
Carnaval, porque somos um povo alegre e festeiro. Já não nos cabe que o
Carnaval seja realizado em 3 dias. Precisamos do sábado e, ultimamente, da
sexta-feira também, para abrilhantar ainda mais nossa festa carnavalesca. Sem
contar com as micaretas e carnavais fora de época.
Mas, assim como
outros centros carnavalescos que fizeram história, o carnaval brasileiro poderá
perder toda essa expressão, quando um outro local, com criatividade e beleza suplante o nosso carnaval. Esperemos que isto demore a acontecer, pois temos
orgulho de nossas raízes, de nossa tradição e do nosso carnaval.
Fontes
http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_17/carnaval.html
Resumo de trabalho de pesquisa realizado em fevereiro de 2002, com
acesso pela Internet aos arquivos do Centro de Pesquisas das Escolas de Samba
do Rio de Janeiro, para o curso de Arte-Terapia.
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OBRIGADA PELA VISITA.
Espero que tenha encontrado o que precisava, tenha gostado do que encontrou e que volte muitas outras vezes. Ficarei muito feliz se você deixar um recadinho para mim.