Muita
gente tem curiosidade em saber por que todas as escolas possuem a mesma
estrutura. Seguem as regras da Liga das Escolas de Samba (LIESA), dizem alguns.
É tradição, dizem outros. Ambos estão com razão. Mas, não é só isso. Vejamos,
então:
O
desfile começa com a “COMISSÃO DE FRENTE”. Antigamente, a Comissão de Frente
era formada pelos dirigentes da Escola e tinham a incumbência de convidar o
público a assistir o desfile e prestigiar a escola. Porém, com a modernidade
tudo foi se sofisticando. E a criatividade foi tomando conta. Mas, fazer essa
mudança levou tempo e teve muitas críticas e resistências, como a da Portela
que insistia em trazer a Velha Guarda e foi a última escola a aderir. Hoje
em dia, a comissão de frente é formada por um grupo de 10 ou 12 pessoas que tem
a importante função de apresentar a Escola ao público e aos jurados. Esse grupo
apresenta-se ricamente fantasiados e dentro do tema que a escola traz. Eles
fazem uma coreografia exaustivamente ensaiada durante os 4 meses que antecedem
o desfile. Recebem pontos dos jurados pela apresentação.
A
seguir, vem a primeira alegoria: o “ABRE ALAS”. O Abre Alas é um carro
alegórico que, além de trazer o nome da escola, dá inicio ao tema que será
tratado. Esse carro geralmente traz as cores e o símbolo dada escola. Esse
carro também pode interagir com a comissão de frente ou não. Mas, com certeza
tem que estar condizente com o tema e as alas que o seguem.
As “ALAS” são formadas
pelo contingente da escola. As pessoas vêm fantasiadas igualmente e de acordo
com o enredo. Cada ala ganha um nome de acordo com o enredo e ajuda a contar a
história. As fantasias devem ser originais e bem acabadas.
As “ALEGORIAS E ADEREÇOS”
constituem o ponto alto da Escola. Ajudam a contar a história e são verdadeiras
obras de arte. Nelas, estão presentes gigantescas esculturas, cercada por rica
ornamentação. Nelas, aparecem os destaques com fantasias ricas e pesadas, com
resplendores feitos de penas que ajudam a dar um brilho especial ao carro
alegórico. Alguns carros apresentam movimentos, soltam fumaça, apresentam
efeitos sonoros e luminosos etc. Tudo isto é realizado manualmente por pessoas
que permanecem dentro dos carros para exercer essa função. Cada escola pode
levar para o desfile até 8 carros alegóricos. Se houver quebra ou uma pane
qualquer, a Escola perde ponto.
Consideram-se adereços
todos os objetos que os foliões carregam nas mãos e os resplendores pequenos
das fantasias das alas. Embora pequenos, são obras de arte confeccionadas com
materiais economicamente mais acessíveis. Também fazem parte dos adereços os
tripés, as caixas, os estandartes, as flâmulas, bandeiras e tudo o mais que a
escola precisar e criar para que a história seja contada e compreendida.
A “ALA DAS CRIANÇAS” já
foi ala obrigatória. As pessoas da comunidade que iam ensaiar levavam os folhos
junto e deixavam numa dependência da Escola. Lá, iam aprendendo a arte de
sambar e de como se comportar durante os desfiles. Aos poucos, as escolas
perceberam que ali se formava um celeiro de sambistas e passistas. Assim,
levavam as crianças para a avenida para mostrar o talento delas. As escolas
também recebiam elogios e eram prestigiadas pelo trabalho passando a ser
considerado como um “benefício social”. O mesmo acontecia com as Escolas que
dedicavam uma ala inteira a cadeirantes e outros tipos de deficiências. Hoje em
dia, essas alas são facultativas porque deixaram de receber pontos dos jurados.
Duas figuras
importantíssimas nos desfiles das Escolas de Samba sáo: o MESTRE-SALA E A
PORTA-BANDEIRA. Eles representam a origem européia do Carnaval. A função desse
casal é carregar o estandarte da escola e reverenciá-lo com um glamuroso balé.
Apesar das fantasias serem muito pesadas (algumas chegam a pesar 40 kg) o mestre-sala
e a porta-bandeira devem mostrar um balé leve e cheio de rodopios. Embora
dancem muito próximos, a porta-bandeira em seus rodopios. jamais deve deixar
que uma ponta do estandarte encoste ou esbarre no mestre-sala. Isto seria
considerado um desrespeito ao pavilhão e perde pontos dos jurados.
Por isso, a escolha desses
famosos casais é bastante disputada. Assume a posição de destaque, o casal que
tirar a que melhor nota dos jurados. Hoje em dia, as escolas apresentam até 4
casais, mas, somente o primeiro é pontuado.
A “BATERIA” é outro ponto
importante e quesito de pontuação. É ela quem canta o enredo e dá ritmo e
andamento á escola. A colocação de cada integrante nas fileiras é determinada
pela ordem dos instrumentos. Uma bateria de escola de samba é composta de
tamborins, pandeiros, chocalhos, reco-recos, que vem na frente. O tarol,
agogôs, cuìcas e repiniques e caixas de guerra, ao centro. Ao fundo, os surdos
de primeira, segunda e terceira marcação. E cada bateria tem seu próprio jeito
de tocar e que é reconhecido em qualquer lugar. Abre-se os portões e o tempo de desfile começa a ser contado
A bateria é dirigida pelo
Mestre que vai a frente e comanda a todos por meio de apitos e gestos enérgicos.
Esse mestre é auxiliado por assessores que ajudam a passar as ordens e fiscalizam
o alinhamento.
Alguns mestres são
bastante audaciosos, fazendo com que ocorram as famosas “paradinhas”, ou seja,
a bateria para e a escola segue cantando e mostrando ao publico e aos jurados
que conhecem o enredo. Outras vezes, o Mestre
comanda certas evoluções ou coreografias que a bateria deve realizar sem perder
o ritmo e o andamento ou provocar atrasos.
A “RAINHA, PRINCESAS E
MADRINHAS” vêm à frente da bateria. Essas figuras são importantes porque a
apresentam ao publico. Suas fantasias e as da bateria também devem fazer parte
ou estarem ligadas ao enredo.
Ainda ligado à bateria
está o “INTERPRETE OFICIAL” que tem a responsabilidade de cantar o enredo
durante todo o desfile. Essa tarefa não é fácil, pois ele repete o enredo (mais
ou menos) 65 vezes. Para cumprir esta tarefa, é auxiliado por 2 ou 3 cantores
de apoio. Cabe ainda ao intérprete o grito de guerra que estimula e une todos
os componentes no início do desfile.
Os “PASSISTAS” são aqueles
que possuem a arte de sambar, ou, o famoso “samba no pé”. São homens e mulheres
habilidosos e sensuais que tem a função de preencher os espaços vazios até que
a ala seguinte preencha o espaço. Por isso, eles aparecem em pontos
estratégicos da escola, tais como: antes dos carros alegóricos e antes da
bateria que, ao entrar no recuo, pode deixar um espaço vazio ou o temido
“buraco”. Mas, para toda esta habilidade e beleza não são contados os pontos
dos jurados.
A “ALA DAS BAIANAS” ou “ala
das tias”, como também é chamadana comunidade. Elas tem presença obrigatória.
Suas fantasias são pesadas (de 15 a 30 kg), Algumas das tias são bastante
idosas, mas apaixonadas pelas escolas e pelo carnaval. A ala das baianas com
seus rodopios é sempre um espetáculo à parte. Elas homenageiam a Bahia que contribuiu
com os corsos que evoluíram para as Escolas de Samba atuais.
Atrás do ultimo carro
alegórico vem a “ALA DOS COMPOSITORES” da Escola. Mais atrás , a última ala: a
da Velha Guarda.
A “VELHA GUARDA” fecha os
desfile despedindo-se e agradecendo ao público e prometendo voltar no próximo carnaval.
A escola passa e os portões
se fecham. . Em São Paulo são 65 minutos e no Rio de Janeiro, de 80 a 85 minutos.O desfile e o carnaval estão terminados para as Escolas. Agora, é
esperar o resultado do julgamento dos jurados. Alegrias para uns, tristeza e decepção
para outros. Mas, assim é o carnaval.
FONTE:
Resumo de trabalho de pesquisa realizado em fevereiro de 2002, com acesso pela Internet aos arquivos do Centro de Pesquisas das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, para o curso de Arte-Terapia.
Resumo de trabalho de pesquisa realizado em fevereiro de 2002, com acesso pela Internet aos arquivos do Centro de Pesquisas das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, para o curso de Arte-Terapia.
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