O
carnaval brasileiro é uma festividade trabalhosa. Um desfile de Escolas de
Samba tem um cunho social e econômico muito grande em nosso país. É um setor de
geração de empregos atuante no ano todo envolvendo inúmeras de pessoas e em
várias áreas da sociedade.
Mesmo
antes que o desfile atual aconteça, a Escola de Samba já de prepara para o
carnaval do ano seguinte. Começa com uma equipe de pessoas que visitam as
várias bibliotecas do país em busca de assuntos interessante que possa ser
transformado em desfile. Cada assunto encontrado já traz uma boa pesquisa. Uma
síntese de cada uma é feita e apresentada para um grupo de pessoas que
selecionam as mais interessantes. Feita a seleção, entram em votação antes dos
festejos carnavalescos, pois não há tempo a perder.
Logo
após o Carnaval e de uns dias de descanso, há um período de estudos sobre o
novo assunto. Se necessário, pesquisam novamente alguns pontos para clarear
dúvidas, preencher lacunas ou para descobrir novos detalhes.
Com
a pesquisa pronta, cabe ao carnavalesco e sua equipe a tarefa de transformá-la
num grande espetáculo. E, para isso, é feito um roteiro com os tópicos mais
importantes que servirá de base para o planejamento do desfile. Esse roteiro é
entregue aos letristas da escola ou convidados para que o assunto ou tema da
escola se transforme no “enredo musicado” e que será o samba cantado por toda a
escola. Assim como o assunto, o enredo também é escolhido por votação dos
integrantes da escola, pois deverá ter fácil aceitação popular.
O
passo seguinte é fazer uma espécie de rascunho desenhado de como a escola deverá
tratar o assunto. Através destes desenhos, a escola pode estimar o número alas
que serão necessárias para que a escola fale sobre o tema e, por consequência, estimam
a quantidade de foliões que Escola levará para o Sambódromo. Este cálculo é
importante para que a Escola tenha uma base de quantas fantasias deverão ser
confeccionadas.
Segue-se
o desenho tridimensional de cada parte da escola e da abertura ao encerramento do
desfile como se fosse uma maquete. Esse trabalho é essencial para que o
carnavalesco e sua equipe não percam a noção do todo ou do conjunto da Escola.
Um todo que deve ser continuo, harmônico e equilibrado. O desfile deve ser
agradável aos olhos, mas, antes de tudo, o público deve entender a história
contada. Para isto, tem que estar bem organizado visualmente.
O
passo seguinte é definir as formas, as cores e os materiais a serem usados. É o
momento de desenhar as alegorias e as fantasias que não podem fugir do contexto
do assunto e nem da tradição da Escola. Nesta fase, todas as fantasias são
desenhadas da cabeça aos pés. O mesmo acontece com os adereços de mão, os
tripés e os carros alegóricos que compões a alegoria. Tudo é feito nos mínimos
detalhes. Depois, transformados em miniaturas que, pouco a pouco, vão sendo
integradas á maquete. E tudo isso, em um curto espaço de tempo.
Enquanto
tudo isto é feito, outras equipes entram em ação. A equipe financeira, por
exemplo, sai em busca de patrocínio. A comissão de eventos organiza bailes,
festas, shows dentro e fora do país para angariar fundos e auxiliar a equipe
financeira. A equipe mecânica desmancha os antigos adereços e organiza o
material de modo que possa ser reaproveitado e evitar gastos desnecessários. É
também feito um inventário de tudo o que sobrou do carnaval anterior.
Após
todo este planejamento, chega o momento da distribuição de tarefas. O material
precisa ser comprado, juntado, pedido, cedido ou reciclado. Muita coisa precisa
ser importada, como por exemplo, algumas plumas usadas nas fantasias dos
destaques ou nos carros alegóricos. Toda esta tarefa fica a cargo do setor de
compras da Escola de Samba.
O
material reciclado tem que ser coletado, lavado, esterilizado e preparado para
receber novas formas e cores, ficando a cargo da equipe de reciclagem. Plumas,
tecidos, plásticos, papelões e tudo o mais que deverá usado na confecção das
fantasias e adereços, precisa receber cores novas e isto fica a cargo do setor
de tinturas. Depois de tingidos, alguns materiais precisam ser moldados ou
confeccionados especialmente. Nestes casos, o trabalho é terceirizado, o que
envolve pessoas e empresas que atuam fora da comunidade da Escola de Samba.
Com
os materiais chegando, novas equipes são acionadas para realizarem seus
trabalhos. Equipes de costureiras e bordadeiras confeccionam as fantasias.
Equipe de chapeleiros e alegoristas confeccionam os adereços de cabeça e mãos.
Sapateiros confeccionam os calçados a serem usados com as fantasias. Tudo
exatamente iguais para que a escola não perca pontos na avenida.
Engenheiros,
mecânicos, serralheiros, soldadores, eletricistas e marceneiros começam a montagem
do esqueleto dos carros alegóricos, para que tudo seja muito seguro e nenhum
folião saia machucado do desfile. Mais adiante, artistas plásticos esculpem as
gigantescas figuras e os detalhes de flores, folhas e animais em isopor. Os
anônimos da comunidade (que fazem o trabalho voluntário) lixam essas peças e as
recobrem com uma demão de tinta branca, fazendo a impermeabilização. Um
trabalho que leva meses.
No
início do segundo semestre, e com o enredo escolhido, o mestre de bateria
define o ritmo, os instrumentos que terão maior destaque, prepara as manobras a
serem introduzidas, e cria algumas novidades que surpreenderão os jurados e
público. E os ensaios começam. Entram em cena os “puxadores do samba”, cantores
conhecidos ou não que repetem o samba enredo incontáveis vezes. São eles que
levam a escola ao final do desfile com a mesma animação do inicio.
Professores
de educação física, bailarinos e coreógrafos iniciam os ensaios das alas
marcadas, da comissão de frente, do mestre-sala e porta-bandeira, pois tudo
deve ficar perfeito. Essas alas ensaiam na quadra em dias em que não há função
e quando querem manter sigilo ou nas ruas próximas á Escola de Samba.
Por
volta do mês de novembro, especialistas em movimentos mecânicos de figuras
gigantes, como as realizadas na festa de Parintins, no Amazonas, começam a
chegar para dar vida a essas figuras. Terminado esse trabalho, começa o de
pintura quando, então, as peças adquirem o colorido final.
Por
fim, a montagem dos carros alegóricos. Um enorme contingente de voluntários e
profissionais fazem o serviço e os testes para que tudo saia da maneira
planejada. É o momento em que o Carnaval e o Desfile começam a tomar corpo.
Outros
tantos contratados e voluntários ajudam ainda no transporte dos carros para o
Sambódromo, dão os últimos retoques, empurram os carros durante o desfile, manejam
os maquinários que dão movimentos e efeitos especiais, dirigem os carros,
consertam quando os carros quebram, transportam os integrantes da escola e as
fantasias mais pesadas, vigiam as alas, as brigas entre integrantes, acodem os
destaques em situações de risco e outros tantos, voluntários anônimos que
tratam da subsistência de cada folião oferecendo água e lanches.
E
na hora determinada pela Liga das Escolas de Samba inicia-se o desfile. O sonho
do carnavalesco se torna realidade. É a oportunidade de mostrar o trabalho de
um ano inteiro (ou mais), realizado por profissionais e anônimos ao mundo. É
hora de emoção e de vibração contagiante.
Por isso, entende-se o choro e, muitas vezes, a revolta quando um jurado
estabelece uma nota baixa para um quesito da Escola.
Entendemos
a importância do prêmio para as Escolas de Samba e sabemos quanto custa financiar todo este espetáculo.
Entendemos que é decepcionante trabalhar com afinco o ano inteiro e não ver todo esse trabalho reconhecido.
Entendemos, mas jamais aceitaremos, nos conformaremos ou compactuaremos com a violência que alguns integrantes praticam, ao receberem uma nota baixa em algum quesito ou ao saberem que foram derrotados.
Todas as escolas sabiam das regras impostas pela Liga e as aceitaram. Cabe aos dirigentes de cada Escola de Samba comunicá-las aos integrantes e punir os faltosos ou os que denigrem o nome da Escola.
A violência e o desacato aos jurados e á Liga das Escolas de Samba nos envergonha, como brasileiros e amantes do carnaval. Pois, da mesma forma como encantamos o mundo com nosso Carnaval, também o estarrecemos com algumas de ações de nossos compatriotas empanando o brilho de nossa festa maior.
Esperemos que, este ano, tudo seja diferente.
fonte:
Resumo de trabalho de pesquisa realizado em fevereiro de 2002, com acesso pela Internet aos arquivos do Centro de Pesquisas das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, para o curso de Arte-Terapia.
Entendemos, mas jamais aceitaremos, nos conformaremos ou compactuaremos com a violência que alguns integrantes praticam, ao receberem uma nota baixa em algum quesito ou ao saberem que foram derrotados.
Todas as escolas sabiam das regras impostas pela Liga e as aceitaram. Cabe aos dirigentes de cada Escola de Samba comunicá-las aos integrantes e punir os faltosos ou os que denigrem o nome da Escola.
A violência e o desacato aos jurados e á Liga das Escolas de Samba nos envergonha, como brasileiros e amantes do carnaval. Pois, da mesma forma como encantamos o mundo com nosso Carnaval, também o estarrecemos com algumas de ações de nossos compatriotas empanando o brilho de nossa festa maior.
Esperemos que, este ano, tudo seja diferente.
fonte:
Resumo de trabalho de pesquisa realizado em fevereiro de 2002, com acesso pela Internet aos arquivos do Centro de Pesquisas das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, para o curso de Arte-Terapia.
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OBRIGADA PELA VISITA.
Espero que tenha encontrado o que precisava, tenha gostado do que encontrou e que volte muitas outras vezes. Ficarei muito feliz se você deixar um recadinho para mim.