sábado, 31 de dezembro de 2016

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A MODA ALTERNATIVA DO FINAL DO SÉCULO XIX

Embora a moda alternativa tenha se tornado aceita pela sociedade na década final do século, ela começa bem antes, mais ou menos na metade dele.


Como em outras épocas patriarcais, as mulheres nasciam com uma única função: a procriação. E para isso eram educadas. Segundo essa maneira de encarar as mulheres, não necessitavam estudo. Aprendiam a cuidar das tarefas domésticas e dos filhos. Eram totalmente dependentes da vontade dos pais e, posteriormente, maridos.  Eram consideradas muito frágeis e eram tratadas como bibelôs e viviam na sombra dos maridos.

Em todas as épocas e em todos os lugares do mundo, sempre existiram mulheres corajosas que lutavam para conseguir um espaço na sociedade além de serem mães e esposas. E aquelas que teimosamente insistiam em não seguirem o padrão vigente e lutarem por direitos na sociedade eram severamente criticadas e mal-entendidas em suas justificativas.

No início da era industrial, algumas poucas mulheres, corajosamente decidiram trabalhar fora de casa, outras queriam permanecer solteiras (o que significava que não precisavam dos homens para sustentá-las) e mudar o modo de se vestirem e praticar esportes.

Para que seus trabalhos fossem realizados, algumas abandonaram as saias e vestidos cheios de babados e drapeados por roupas mais simples, confortáveis e práticas, como por exemplo o uso de calças. E foram chamadas de “feministas”.


Uma dessas mulheres foi Amélia Bloomer, uma jornalista e editora de moda feminina ne que 1850 queria mudar a moral da sociedade americana com relação a forma das mulheres trabalhadoras do campo ou das fábricas se vestirem. Amélia foi a primeira mulher a usar uma calça volumosa (tipo turcas) embaixo de uma saia mais curta, como forma de protesto. 
   
trajes alternativos usados por Amélia Bloomer

Amélia não queria criar uma moda, mas mostrar que era possível as mulheres terem uma nova alternativa de vestuário. Outras mulheres que partilhavam a mesma ideia também ousaram e arrumaram uma tremenda confusão por chamarem atenção.

Naquele tempo, o uso de calças era exclusivo dos homens. E o fato de mulheres estarem usando-as, chamava a atenção de todos e provocava a irritação, não só dos homens que passaram a tratá-las com discriminação, olhares grosseiros e atitudes agressivas, mas também das mulheres de sua época e de todas as classes sociais que revoltadas, passaram a chamá-las de desavergonhadas, revoltantes, repugnantes, por outros adjetivos pouco elogiosos e por serem hostilizadas e assediadas social e moralmente. A pressão foi tanta e o medo de serem agredidas fisicamente fez com que passassem a usar somente em casa, em grupos fechados ou nas zonas rurais.

comparação do traje alternativo com o que se usava em 1880


Em 1880, esta roupa volta novamente. Mas agora, usada pelas mulheres artistas e escritoras como protesto contra a desumanização provocada pela era industrial. Entre outros protestos estavam a “falsa naturalidade” na aparência dos corpos femininos causados pelos espartilhos e outros truques da moda e a crítica contra o ócio dos aristocratas.

Em 1890, surge no mundo esportivo uma nova modalidade: o ciclismo. 

As mulheres das elites se encantam pelas bicicletas e querem praticar o novo esporte. Mas com as roupas que usavam ficava impraticável. Precisavam de um traje especial, mais leve e prático que liberasse os movimentos para que pudessem pedalar. E passam a usar as calças tão criticadas nas décadas anteriores.



Mesmo com roupas femininas, os detalhes mostravam algo de masculino: os coletes, a gravata, o chapéu de palha.



E a moda sofre novo rebuliço. A maioria da população, embora aplaudissem o uso das calças, não podiam não podiam praticar esse esporte pelo alto custo das bicicletas. Mas aos poucos, o uso das calças pela maioria das mulheres foi acontecendo.

O ciclismo trouxe muitas mudanças. Não só na maneira como as pessoas viam as mulheres com trajes alternativos e firmando essas novas formas de vestir, mas trouxe também a emancipação das mulheres, que passam a agir mais de acordo com sua vontade e sem a crítica social. A educação feminina também evoluiu. As mulheres, agora, podiam estudar, trabalhar e usar calças livremente. Mas ainda sentiam a necessidade de serem representadas socialmente.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A MODA NO FINAL DO SÉCULO XIX


A história da moda é incrível e admirável. Primeiro, pela criatividade que sempre apresentou. Segundo, usa o passado como ponto de referência. Essa volta ao passado tem início nos tempos da Revolução Francesa, quando a vida econômica da França estava em frangalhos. E de lá para cá, de tempos em tempos, percebemos que a moda se vale de alguma coisa do passado. Nos anos finais do século XVIII, não foi diferente.

Nos anos de 1870 a 1880, a elite francesa resolveu trazer de volta aquelas armações de arame usadas na era rococó e que eram usadas lateralmente pelas mulheres da corte, porém sem tantos exageros. Surgem daí as anquinhas (bustle). Como inovação, essas armações eram usadas na parte de trás e amarradas na frente e com drapeados traseiros ou como cauda. Este tipo de vestimenta podia ser usado de dia ou á noite.
bustles laterais

Estes vestidos tinham mangas longas para o dia e decotes discretos para o dia e sem mangas e decotes mais ousados para a noite, com o uso de luvas de cano longo. Os cabelos eram presos em forma de coque e com pequenos chapéus para o dia. 

Para a noite, os cabelos permaneciam presos e formavam cachos que caíam sobre as costas, imitando a cauda do vestido e ombros, enfeitados por flores.


DE 1880 A 1890

As inovações foram: as mangas mantinham-se longas, mas não justas aos braços. Ganhavam também leve franzido próximo aos ombros. As cores eram vibrantes e a mistura de dois tipos diferentes de tecido era a inovação. Os vestidos para a noite ganharam babados e drapeados como enfeites. Os babados e os drapeados foram a marca dessa época.

Os trajes noturnos eram realizados em tecidos mais pesados, como o veludo, os gorgorões e o linho. Tinham a cintura no lugar e caiam em linha reta até os quadris e depois ia abrindo para dar o formato de trombetas para as saias. Uma espécie de casaquinho (do mesmo tecido da saia) com a parte de traz mais longa e caída (abertos ou fechados) sobre a anquinha foi outra inovação. Os cabelos continuavam compridos, presos em coques, onde eram presos os pequenos chapéus.


Os trajes diurnos eram bem diferentes e lembravam as vestes das deusas da Grécia Antiga. Eram bem soltos, cintura alta, decotes amplos, feitos com tecidos mais leves e fluídos que caiam em linha reta. As mangas curtas ou longas e mantinham o franzido nos ombros. Eram chamados de “vestidos artísticos” ou “vestidos do chá” usados também para passar o dia com a família e para receber visitas informais. Os cabelos mantinham os cachos e os coques e aboliram o uso do “bustle” (anquinhas).
Mas, nem todo mundo gostava dessa moda. 


Os homens eram os primeiros a não gostar e a tecer críticas, especialmente dos intelectuais e dos boêmios. Haviam muitas mulheres que se recusavam a usá-las. Gostavam dos vestidos mais soltos, decotes sem exageros, mais leves e naturais feitos em algodão e crepes. Abominavam os espartilhos e anquinhas e achavam que eles davam um ar rígido e antinatural. Preferiam, portanto, uma linha mais medieval. Mas, por discordarem, eram criticadas e sofriam com o preconceito.

De 1890 a 1900.

É a época em que as anquinhas foram totalmente abolidas. Mas a principal marca desta década foram os exageros e ostentação. Os babados continuavam na moda, e tinham todos os tamanhos, de todos os tecidos e rendas largas e estreitas, e misturados numa única roupa. Mas o top da moda desta época eram as rendas.
 



Os trajes diurnos tinham blusas com gola alta contornada por babados finos de renda e feitos com tecidos mais leves. As saias tomaram um formato de sino, caindo lisas e retas da cintura a barra. Do decote caiam babados de renda largas e levemente franzidas.

Durante o dia, vestidos de estilo semelhantes eram confeccionados com tecidos mais leves, como crepes, cassas (tecido mais transparente feito de fibras de algodão ou linho), algodão e sedas. O tradicional coque nos cabelos, usado com pequenos chapéus ornamentados com flores.

 



Os trajes noturnos eram confeccionados com tecidos mais pesados, como o veludo, gorgorões ou chamalotes (um tecido com fibras de lã ou pêlo de animais misturadas com fios de seda). Nos meses quentes usavam tecidos de linho, sedas e tafetás. Os espartilhos, numa versão renovada, além de afinarem o corpo e dar uma aparência de “S”, permitiam maior mobilidade aos movimentos. Os enfeites como penas, pérolas, plissados, rufos, bordados, lantejoulas ou a mistura deles numa única peça, para enfeitá-los. Incluem-se ainda as luvas, leques bem grandes e joias coloridas que não podiam ser esquecidos, pois não era de bom tom. Os cabelos para a noite eram presos em forma de coques com cachos adornados com flores.


A MODA MASCULINA


No início da década de 1880, a moda dos dândis ainda imperava. Mas aos poucos foi mudando e ficando mais formal. Passaram a usar ternos de tecidos e cores variados e de acordo com a ocasião. Mais coloridos durante o dia e as cores mais sóbrias, para as noites.


Em 1890, as camisa tinham golas altas e engomadas, terminadas com babadinhos de rendas bem finas e levemente franzida. O exagero estava na mistura de tecidos, babados e rufos. Por cima da camisa usavam um colete abotoado e, sobre este, o paletó feito com tecido grosso. As calças tinham as pernas mais retas, mas não muito largas. Para o traje noturno não podiam faltar o casaco (robe de chambre, se estivesse frio), a cartolas e a bengala.

Para os trajes diurnos, o mesmo estilo com cores mais vibrantes e com xadrez ou o famoso risca de giz. A cartola e a bengala podiam ser usadas ou não durante o dia.

domingo, 13 de novembro de 2016

A MODA ROMÂNTICA


No começo do século XIX, as artes plásticas, a literatura, o teatro, a música, a escultura e a arquitetura apresentavam uma tendência nostálgica. O tema de suas obras era o mundo fantasioso das fadas, seres alados, reis e rainhas, deuses e deusas mitológicos, fantasmas e valentes heróis. Porém, essa tendência fica mais forte após a estreia da peça teatral “Henrique VIII e Sua Corte”, de Alexandre Dumas.
A partir de então, os rapazes passaram a querer serem cavaleiros ou corsários. Já as moças, a querer ficarem parecidas com as donzelas da época medieval, mas ao mesmo tempo, que trouxessem uma sensualidade velada. 

A Era Medieval era vista como uma era romântica e que provocava fortíssimos sentimentos e emoções, era requintada e clássica. E usaram tudo isso como expressão através da moda. Escolheram um estilo que lhes fosse inspirador: o estilo elisabetano. As mudanças começaram tímidas, com pequenas mudanças num ou em outro detalhe. Mas, próximo a 1820, as mudanças aconteceram com maior frequência.

A MODA FEMININA


Como donzelas, as moças queriam ser meigas, delicadas, sonhadoras, contemplativas e frágeis. E vem dessa vontade de serem donzelas que surge a ideia de que as mulheres são o “sexo frágil”. Deveriam ser habilidosas e prendadas no serviço doméstico, mas não precisavam trabalhar nisso porque a ociosidade feminina aumentava o status do marido. Mas, mesmo não sendo as tais donzelas, as vestes ajudavam a dar essa impressão.

Os vestidos tinham cintura alta, mais ou menos entre o busto e a cintura natural. Os vestidos podiam ser em cores claras ou vibrantes, ter estampas de florais, listas delicadas ou o xadrez (dos tecidos dos ingleses). Por cima, um colete bicudo.

Os vestidos mais fechados e discretos eram usados durante o dia. Já os usados à noite, em festas, eram mais decotados e deixavam os ombros à mostra. Estes podiam ser enfeitados com broches, colares, brincos, camafeus e pedrarias, mas sempre muito delicados. Algumas moças os usavam também nos cabelos para enfeitá-los.

As mangas eram bufantes e armadas, eram presas com fitas. Algumas levavam por cima outra maior, de tecido fino ou transparente. As saias eram volumosas, armadas com várias anáguas com muitos babados e laços, longas até o final do tornozelo deixando os pés visíveis. Os sapatos não tinham salto e combinavam com os vestidos.

Completavam o traje o leque, o xale e os mantôs. No inverno usavam casacos longos, capas e pelerines. Os chapéus voltaram a ser enormes. Durante o dia usavam uma sombrinha para se protegerem do sol ou simplesmente carregavam-na fechada para dar o toque final.


Algumas moças desejavam ter a pele morena e serem ardentes como as espanholas. Outras preferiam que a pele branca (uma brancura cadavérica). Comiam pouco para manter a silhueta e a cintura bem fina. O pior que poderia acontecer a uma moça dessa época era parecer bem alimentada e forte. As roupas e os chapéus eram pesados.  O espartilho mal permitia a respiração. O fato era que as moças se cansavam muito facilmente. O legal era aparentar fragilidade e ter a aparência doentia.  

Os vestidos muito decotados e usados à noite, as expunha ao rigoroso inverno europeu, o que também aumentavam as chances de contraírem a tuberculose.

Por volta de 1836, essa moda começou a definhar. O interesse agora eram as mocinhas cavaleiras ou caçadoras, cujos corpos eram mais robustos e as roupas mais masculinizadas. O desejo do momento era viver a vida, curtir as aventuras e terem mais experiências.

MODA MASCULINA


O estilo dândi continua com pequenas modificações. Os rapazes passaram a apreciar uma silhueta mais delgada com cintura fina com ombros mais largos. Este tipo de silhueta agradava aos rapazes das classes mais abastadas porque ajudavam a promover seu status.

No início as mudanças ocorreram com pequenos detalhes. Os coletes deixaram de ser pontudos e passaram a ser quadrados. Ganhavam duas fileiras de botões ou zíper para fechá-los. Por outro lado, eram mais apertados na cintura.

As calças ficaram mais estreitas e mais longas (até os tornozelos). Os casacos receberam ombreiras para tornar os ombros mais largos e retos.  

A capa foi substituída pelo “sobretudo”, um casaco mais longo e mais grosso e usado no inverno. A bengala era indispensável.

Os cabelos tornaram-se mais curtos. Apareceram as costeletas, os bigodes e os cavanhaques mais pontudos, como a lembrar a figura de Otelo, de Shakespeare. Sobre a cabeça, todos os homens usavam a cartola. Mas esta tinha um novo formato. Era larga nas extremidades e mais fina no centro, dando uma aparência de meia lua. Eram mais altas que o normal. E nenhum homem que se presasse deixava de usá-las.

Muito parecido com a época anterior, não é mesmo? Menos por pequenos detalhes: queriam se parecer com uma figura diabólica. Corria um pensamento na época de que homens de testa larga eram mais inteligentes e genialidade de ideias. Por isso, raspavam os cabelos próximos a testa para dar essa impressão.

Depilavam as sobrancelhas arqueando-as para dar um aspecto de ferocidade. Aparavam os bigodes para torcê-los e virá-los para cima. Deixavam crescer a barba (cavanhaque) em forma de ponta à moda da figura de Satanás. Habitavam em lugares escuros e sombrios como tumba e desejavam que os sons, ali produzidos, ecoassem como numa catedral ou num castelo vazio.

Também desejavam ter a pele azeitonada como os mouros, magros e nervosos. Treinavam olhares selvagens,  maquiavélicos e perversos ao mesmo tempo em que queria parecer apaixonados e desiludidos com um triste destino de paixões e morte. Por isso, queriam parecer maus, poderosos e mostrar certa gentileza e bondade em ocasiões propícias e raras, como se pertencessem a um mundo diferente do real. E, quando não conseguiam, fumavam certos alucinógicos que os deixavam com um olhar mais distante e mais frígido. 


Mas, apesar disto tudo, não abriam mão da distinção, a marca desse modismo. Assim, os dândis verdadeiros (nos moldes da época anterior) iam virando coisa do passado e tornando-se raros.

domingo, 16 de outubro de 2016

MODA IMPÉRIO

Com o final da Revolução Francesa, o país se deparou com muitas dificuldades. Uma delas, a financeira era uma das mais graves. A outra, uma briga pelo poder entre dois grupos: os girondinos e os jacobinos. Nessa disputa, os jacobinos assumiram o poder. Porém, embora quisessem fazer muito pelo país, detestavam que alguém discordasse de suas ideias. E pouco depois, o discordante era encontrado morto. E o povo continuava desgostoso e inconformado com a situação.


No entanto, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade espalhava-se pelo mundo. No meio de tudo isso, havia um general de quem o povo gostava e simpatizava por sua bravura: o general Napoleão Bonaparte. Por isso foi aclamado “primeiro-cônsul” pelo povo. Era um cargo importantíssimo e esse título duraria enquanto vivesse (vitalício). Aproveitando o desgosto popular e a importância do título, Napoleão e seus aliados girondinos promovem um golpe militar e derrubam o governo.  Em 1799, Napoleão Bonaparte assume o poder e declara uma ditadura. Seu governo era bastante autoritário. Em 1804, se autoproclama “Imperador da França”. Seu sonho era transformar a França numa grande potência mundial. E não mediu esforços para tornar seu sonho numa realidade. Para ampliar os domínios franceses entrou em guerra com inúmeros países europeus, inclusive com a Inglaterra.

A MODA FEMININA

Bonaparte queria fazer da França o centro mundial da moda. Apesar da vida difícil, não faltava aos franceses, elegância e bom gosto.


O destaque de moda deste período foi a imperatriz Josephine, esposa de Napoleão. Tudo o que vestia era copiado pelas mulheres do mundo todo. Uma moda e um estilo que ficou conhecido como “MODA IMPÉRIO”.

Os vestidos da moda império não variavam muito da moda diretório. Eram como um camisolão, inspirados na moda da Grécia Antiga. Eram soltos, mais amplos na parte da barra da saia do que na cintura e longos até os tornozelos. A cintura era alta (logo abaixo do busto) e com farto decote. As mangas eram curtas e bufantes. Embora simples e com pouquíssimos ou nenhum enfeite, marcaram época e mostraram o status social de quem os usava.

 
roupas para a noite

A marca inovadora destas roupas foi a diferenciação entre roupas usadas durante o dia e as usadas à noite. Haviam vestidos para cada ocasião: para ficar em casa, para encontrar as amigas, ir a compromissos sociais no período da tarde, para cavalgar, para os torneios e caçadas, para viajar etc.

roupas de montaria e para passear nas tardes francesas

As roupas do dia podiam ter gola ou não, mangas compridas ou curtas e não tinham nenhum enfeite. Já os vestidos de noite, o uso de rendas era permitido, principalmente, se fosse noite de gala.

As cores marcavam o status e o estado civil das mulheres. O branco era usado em eventos realizados à noite. Podiam ser enfeitados com rendas, fartos decotes e um tecido comprido extra, preso nas costas ou num só ombro, que funcionava como um xale e que era levado para a frente ao ser seguro por um dos braços e que davam um ar de graça e elegância. Faziam uso também luvas longas até os cotovelos.

As cores para as moças "casadoiras" variavam: rosa, lilás e azul em tons claros. Já as casadas usavam os tons mais fortes como o roxo, o vermelho, azul, amarelo e o preto.

O corset também era usado para delinear a silhueta, mas sem apertar demais como na moda rococó. Os corset escondiam aquelas gordurinhas a mais.
Destaque para o estado civil das mulheres: 
a de vermelho (casada); a de branco (solteira)

Como os vestidos eram confeccionados com tecidos finos e muito transparentes, era necessário que essa transparência não tornasse vulgar as mulheres e moças que o usavam. Por isso, criou-se a lingerie. Fazia parte dela: uma espécie de “combinação” longa como o vestido na cor da pele; uma peça usada no busto para segurá-los sem que ficassem achatados (primórdios do sutiã que usamos hoje) e uma espécie de calçola (tipo pantalona) que ia até os tornozelos.

retícula - primórdio da bolsa

Aos poucos, os rufos (mais discretos) foram voltando a ser destaque na moda. O xale (preso ou não) era essencial para a elegância feminina. Como acessórios importantes estavam as luvas, as sombrinhas, os leques e a retícula (um saco do tecido do vestido com uma alça fechava essa espécie de bolsa com um franzido. Completava o figurino, os sapatos como baixos e sem salto presos ao tornozelo, como as sapatilhas das bailarinas.

Os cabelos eram naturais, repartidos ao meio e soltos em cachos ou presos. As mulheres casadas e elegantes não saíam às ruas sem o uso dos “bonnets”, uma espécie de touca de tecido com uma aba franzida e as laterais cobriam as orelhas enfeitadas com rendas e amarradas ao pescoço com uma fita (semelhantes ás toucas de bebês). Os enfeites destes bonnets podiam ser: rendas, rufos, fitas e laços.

Alguns "bonnets":



MODA MASCULINA

Os homens adotaram o modelo inglês. Na França recebeu o nome se “dândis”. As peças do vestuário masculino eram justas ao corpo e que deixava os homens mais elegantes.


O dandismo era uma moda simples e prática. O tecido preferido era a casimira, um tecido inglês que não amassa com facilidade. Uma moda composta de peças básicas como a casaca, o colete, a calça e a camisa. A camisa era como a de outras épocas, variando apenas no colarinho que agora é duro e com as pontas voltadas para cima projetando-se para o rosto. Firmava-se o colarinho com o “plastrom”, uma espécie de lenço retangular feito de gaze. Esse tipo de colarinho dava um ar de arrogância a quem o usava. Mas era só um ar mesmo, porque na verdade, impedia a pessoa de virar ou de abaixar a cabeça. As camisas eram enfeitadas por babados.

O colete era curto e aberto na frente para mostrar os babados da camisa. As calças eram justas ao corpo e não coladas a ele, como aconteceu no rococó. Os homens não achavam bonito mostrar suas formas. A casaca tinha um corte quadrado e presas por botões (novidade da época).


Os cabelos eram naturais e curtos e era permitido o uso de costeletas ou bigodes. E completava o figurino a cartola ou o bigorne e a bengala.

A cartola todo mundo conhece, devido a copa alta. O bigorne era uma cartola com a altura duplicada. E para dar um charme a mais, o uso da bengala ia dos jovens aos senhores mais idosos.

Nos pés, os scapans. Usados com meias de seda branca, somente nas festividades noturnas. As botas para o dia a dia e a calça mais larga e para dentro das botas somente era permitido nas caçadas e para a montaria.

Assim na moda feminina, a moda masculina foi se modificando com o tempo. Os colarinhos cresceram em altura, e os homens passaram a usar um “tipo de corset” para afinar a cintura. Para não ser confundido com o corset feminino, chamaram-no de   “cinta” ou “vestes”. 

No começo era uma moda estranha. Mas com o tempo, todos os homens aderiram a ela. Uma  moda que vai até a metade dos anos de 1820, quanto tem início uma nova era na França.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O VESTUÁRIO NOS TEMPOS DA REVOLUÇÃO FRANCESA


A corte francesa vivia em meio ao luxo e riquezas. Gastavam muito com a decoração dos palácios, exagero nas roupas, com guerras com outros países, estava produzindo muito pouco e cobrava impostos altíssimos para sustentar o luxo da corte. O povo estava insatisfeito e já não aguentava mais.


Em 1789, diante de tanta injustiça e desagrado, explode uma revolução, que ficou conhecida como “Revolução Francesa”. Havia muitas batalhas entre o povo e os governantes por todo canto. Muita gente foi presa (ou morta) de ambos os lados. Os monarcas e seus aliados lutavam para manter o poder e seus privilégios. O povo lutava pela liberdade, igualdade de direitos e mais humanidade nas relações entre todos. De 1789 a 1799, a França viveu tempos difíceis.


Embora os monarcas vivessem se indispondo com a Inglaterra, todos gostavam das ideias e dos tecidos fabricados pelos ingleses. E é claro, que a monarquia inglesa estava sempre de olho nos acontecimentos da França. E sabendo do descontentamento do povo em relação aos excessos da corte, tratou de “botar suas barbas de molho”.


Em 1760, a maioria dos burgueses ingleses viviam no campo. Vivam sem o luxo da corte e se vestiam de acordo com a região campestre onde moravam. Vestiam-se com roupas mais práticas e simples, mas sempre muito distintos e elegantes.  E nos tempos difíceis que a França passava, essa moda chegou por lá.

É claro que os costureiros e alfaiates franceses, que ganhavam muito dinheiro e prestígio com os exageros e luxos da corte, não gostaram e diziam que era uma moda para o “populacho”. No entanto, diante das dificuldades financeiras que todos enfrentavam, não restava outra alternativa senão aceitá-la.

Em 1794, o povo francês conseguiu dominar o poder e tomar as rédeas da situação. Mas ainda aconteciam batalhas aqui e ali. Foi escolhido um grupo de pessoas para governar a França por um período de cinco anos e que ficou conhecido como “ período diretório”. Em 1799, finalmente, a revolução acabou. Mas a situação ainda estava muito complicada para os franceses que tiveram que reconstruir o país e colocá-lo nos eixos.

Assim, a moda das roupas campestres, simples e práticas, continuaram até 1815 e ficaram conhecidas na história do vestuário como “moda diretório”.

 

MODA MASCULINA

A moda era agora uma roupa mais simples e ganhando tons mais escuros, portanto, mais sóbrias. Também perderam os galões, os bordados e as pedrarias. As perucas foram abolidas, mas deixar de usá-las foi a gradual. A moda agora eram os cabelos ao natural.

O corte das roupas e as costuras perfeitas eram as marcas da qualidade do vestuário. As calças continuaram abaixo do joelho e justas nas pernas (tipo corsário), mas não tão justas como anteriormente. As calças tinham bolsos (do tipo faca).

Os coletes ficaram mais curtos e os casacos, mais compridos. É quando aparecem os fraques. Todos em tecidos lisos. Os colarinhos das camisas ficaram mais altos e podendo ser usado com um lenço ao redor do pescoço e sobre o colarinho.

Os sapatos também mudaram. Eram agora “scarpins” e usados com meias de seda longas e brancas nos eventos à noite. Usavam também chapéus de copa alta, precursores da cartola.


A MODA FEMININA




A mudança na roupa feminina foi drástica. Foram abolidos os tecidos pesados, as ancas e outras armações, os corselets e panniers e feitos com tecidos finos como a cambrais, a musselina e o morim vindos da Inglaterra. A cintura subiu ficando na abaixo do busto. 

A saia era longa e ampla. Como esses tecidos eram transparentes, as mulheres usavam uma espécie de combinação branca ou rosa por baixo desse vestido. O decote ainda era bastante pronunciado, mas podia ser usado com uma camisa por baixo.  Havia pouquíssimas diferenças entre as roupas do dia e as da noite. 

No inverno usavam por cima um spencer curto (tipo bolero) da cor do vestido e no inverno, um casaco longo (chamado redingote) enfeitado com pele de animais.


Como os tecidos dos vestidos, por serem quase transparentes, não admitiam bolsos. As mulheres então, usavam uma bolsa feita de tecido (tipo saco) que denominavam "retícula". Os sapatos eram na verdade, sapatilhas baixas e sem salto. O chapéu eera indipensável.


A MODA INFANTO-JUVENIL


 

Os meninos e meninas, rapazes e moças passaram a se vestir semelhante aos  adultos do seu gênero.