segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A MODA NO FINAL DO SÉCULO XIX


A história da moda é incrível e admirável. Primeiro, pela criatividade que sempre apresentou. Segundo, usa o passado como ponto de referência. Essa volta ao passado tem início nos tempos da Revolução Francesa, quando a vida econômica da França estava em frangalhos. E de lá para cá, de tempos em tempos, percebemos que a moda se vale de alguma coisa do passado. Nos anos finais do século XVIII, não foi diferente.

Nos anos de 1870 a 1880, a elite francesa resolveu trazer de volta aquelas armações de arame usadas na era rococó e que eram usadas lateralmente pelas mulheres da corte, porém sem tantos exageros. Surgem daí as anquinhas (bustle). Como inovação, essas armações eram usadas na parte de trás e amarradas na frente e com drapeados traseiros ou como cauda. Este tipo de vestimenta podia ser usado de dia ou á noite.
bustles laterais

Estes vestidos tinham mangas longas para o dia e decotes discretos para o dia e sem mangas e decotes mais ousados para a noite, com o uso de luvas de cano longo. Os cabelos eram presos em forma de coque e com pequenos chapéus para o dia. 

Para a noite, os cabelos permaneciam presos e formavam cachos que caíam sobre as costas, imitando a cauda do vestido e ombros, enfeitados por flores.


DE 1880 A 1890

As inovações foram: as mangas mantinham-se longas, mas não justas aos braços. Ganhavam também leve franzido próximo aos ombros. As cores eram vibrantes e a mistura de dois tipos diferentes de tecido era a inovação. Os vestidos para a noite ganharam babados e drapeados como enfeites. Os babados e os drapeados foram a marca dessa época.

Os trajes noturnos eram realizados em tecidos mais pesados, como o veludo, os gorgorões e o linho. Tinham a cintura no lugar e caiam em linha reta até os quadris e depois ia abrindo para dar o formato de trombetas para as saias. Uma espécie de casaquinho (do mesmo tecido da saia) com a parte de traz mais longa e caída (abertos ou fechados) sobre a anquinha foi outra inovação. Os cabelos continuavam compridos, presos em coques, onde eram presos os pequenos chapéus.


Os trajes diurnos eram bem diferentes e lembravam as vestes das deusas da Grécia Antiga. Eram bem soltos, cintura alta, decotes amplos, feitos com tecidos mais leves e fluídos que caiam em linha reta. As mangas curtas ou longas e mantinham o franzido nos ombros. Eram chamados de “vestidos artísticos” ou “vestidos do chá” usados também para passar o dia com a família e para receber visitas informais. Os cabelos mantinham os cachos e os coques e aboliram o uso do “bustle” (anquinhas).
Mas, nem todo mundo gostava dessa moda. 


Os homens eram os primeiros a não gostar e a tecer críticas, especialmente dos intelectuais e dos boêmios. Haviam muitas mulheres que se recusavam a usá-las. Gostavam dos vestidos mais soltos, decotes sem exageros, mais leves e naturais feitos em algodão e crepes. Abominavam os espartilhos e anquinhas e achavam que eles davam um ar rígido e antinatural. Preferiam, portanto, uma linha mais medieval. Mas, por discordarem, eram criticadas e sofriam com o preconceito.

De 1890 a 1900.

É a época em que as anquinhas foram totalmente abolidas. Mas a principal marca desta década foram os exageros e ostentação. Os babados continuavam na moda, e tinham todos os tamanhos, de todos os tecidos e rendas largas e estreitas, e misturados numa única roupa. Mas o top da moda desta época eram as rendas.
 



Os trajes diurnos tinham blusas com gola alta contornada por babados finos de renda e feitos com tecidos mais leves. As saias tomaram um formato de sino, caindo lisas e retas da cintura a barra. Do decote caiam babados de renda largas e levemente franzidas.

Durante o dia, vestidos de estilo semelhantes eram confeccionados com tecidos mais leves, como crepes, cassas (tecido mais transparente feito de fibras de algodão ou linho), algodão e sedas. O tradicional coque nos cabelos, usado com pequenos chapéus ornamentados com flores.

 



Os trajes noturnos eram confeccionados com tecidos mais pesados, como o veludo, gorgorões ou chamalotes (um tecido com fibras de lã ou pêlo de animais misturadas com fios de seda). Nos meses quentes usavam tecidos de linho, sedas e tafetás. Os espartilhos, numa versão renovada, além de afinarem o corpo e dar uma aparência de “S”, permitiam maior mobilidade aos movimentos. Os enfeites como penas, pérolas, plissados, rufos, bordados, lantejoulas ou a mistura deles numa única peça, para enfeitá-los. Incluem-se ainda as luvas, leques bem grandes e joias coloridas que não podiam ser esquecidos, pois não era de bom tom. Os cabelos para a noite eram presos em forma de coques com cachos adornados com flores.


A MODA MASCULINA


No início da década de 1880, a moda dos dândis ainda imperava. Mas aos poucos foi mudando e ficando mais formal. Passaram a usar ternos de tecidos e cores variados e de acordo com a ocasião. Mais coloridos durante o dia e as cores mais sóbrias, para as noites.


Em 1890, as camisa tinham golas altas e engomadas, terminadas com babadinhos de rendas bem finas e levemente franzida. O exagero estava na mistura de tecidos, babados e rufos. Por cima da camisa usavam um colete abotoado e, sobre este, o paletó feito com tecido grosso. As calças tinham as pernas mais retas, mas não muito largas. Para o traje noturno não podiam faltar o casaco (robe de chambre, se estivesse frio), a cartolas e a bengala.

Para os trajes diurnos, o mesmo estilo com cores mais vibrantes e com xadrez ou o famoso risca de giz. A cartola e a bengala podiam ser usadas ou não durante o dia.

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