Embora
a moda alternativa tenha se tornado aceita pela sociedade na década final do
século, ela começa bem antes, mais ou menos na metade dele.
Como
em outras épocas patriarcais, as mulheres nasciam com uma única função: a
procriação. E para isso eram educadas. Segundo essa maneira de encarar as mulheres,
não necessitavam estudo. Aprendiam a cuidar das tarefas domésticas e dos filhos.
Eram totalmente dependentes da vontade dos pais e, posteriormente, maridos. Eram consideradas muito frágeis e eram
tratadas como bibelôs e viviam na sombra dos maridos.
Em
todas as épocas e em todos os lugares do mundo, sempre existiram mulheres
corajosas que lutavam para conseguir um espaço na sociedade além de serem mães
e esposas. E aquelas que teimosamente insistiam em não seguirem o padrão
vigente e lutarem por direitos na sociedade eram severamente criticadas e mal-entendidas
em suas justificativas.
No
início da era industrial, algumas poucas mulheres, corajosamente decidiram
trabalhar fora de casa, outras queriam permanecer solteiras (o que significava
que não precisavam dos homens para sustentá-las) e mudar o modo de se vestirem
e praticar esportes.
Para
que seus trabalhos fossem realizados, algumas abandonaram as saias e vestidos
cheios de babados e drapeados por roupas mais simples, confortáveis e práticas,
como por exemplo o uso de calças. E foram chamadas de “feministas”.
Uma
dessas mulheres foi Amélia Bloomer, uma jornalista e editora de moda feminina
ne que 1850 queria mudar a moral da sociedade americana com relação a forma das
mulheres trabalhadoras do campo ou das fábricas se vestirem. Amélia foi a
primeira mulher a usar uma calça volumosa (tipo turcas) embaixo de uma saia
mais curta, como forma de protesto.
trajes alternativos usados por Amélia Bloomer
Amélia não queria criar uma moda, mas mostrar
que era possível as mulheres terem uma nova alternativa de vestuário. Outras mulheres
que partilhavam a mesma ideia também ousaram e arrumaram uma tremenda confusão por chamarem atenção.
Naquele
tempo, o uso de calças era exclusivo dos homens. E o fato de mulheres estarem
usando-as, chamava a atenção de todos e provocava a irritação, não só dos
homens que passaram a tratá-las com discriminação, olhares grosseiros e
atitudes agressivas, mas também das mulheres de sua época e de todas as classes
sociais que revoltadas, passaram a chamá-las de desavergonhadas, revoltantes, repugnantes,
por outros adjetivos pouco elogiosos e por serem hostilizadas e assediadas social
e moralmente. A pressão foi tanta e o medo de serem agredidas fisicamente fez
com que passassem a usar somente em casa, em grupos fechados ou nas zonas
rurais.
comparação do traje alternativo com o que se usava em 1880
Em
1880, esta roupa volta novamente. Mas agora, usada pelas mulheres artistas e
escritoras como protesto contra a desumanização provocada pela era industrial.
Entre outros protestos estavam a “falsa naturalidade” na aparência dos corpos
femininos causados pelos espartilhos e outros truques da moda e a crítica
contra o ócio dos aristocratas.
Em
1890, surge no mundo esportivo uma nova modalidade: o ciclismo.
As mulheres das elites se encantam pelas bicicletas e querem praticar o novo esporte. Mas com as roupas que usavam ficava impraticável. Precisavam de um traje especial, mais leve e prático que liberasse os movimentos para que pudessem pedalar. E passam a usar as calças tão criticadas nas décadas anteriores.
Mesmo com roupas femininas, os detalhes mostravam algo de masculino: os coletes, a gravata, o chapéu de palha.
As mulheres das elites se encantam pelas bicicletas e querem praticar o novo esporte. Mas com as roupas que usavam ficava impraticável. Precisavam de um traje especial, mais leve e prático que liberasse os movimentos para que pudessem pedalar. E passam a usar as calças tão criticadas nas décadas anteriores.
Mesmo com roupas femininas, os detalhes mostravam algo de masculino: os coletes, a gravata, o chapéu de palha.
O
ciclismo trouxe muitas mudanças. Não só na maneira como as pessoas viam as
mulheres com trajes alternativos e firmando essas novas formas de vestir, mas trouxe
também a emancipação das mulheres, que passam a agir mais de acordo com sua
vontade e sem a crítica social. A educação feminina também evoluiu. As mulheres,
agora, podiam estudar, trabalhar e usar calças livremente. Mas ainda sentiam a
necessidade de serem representadas socialmente.
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