No
começo do século XIX, as artes plásticas, a literatura, o teatro, a música, a
escultura e a arquitetura apresentavam uma tendência nostálgica. O tema de suas
obras era o mundo fantasioso das fadas, seres alados, reis e rainhas, deuses e
deusas mitológicos, fantasmas e valentes heróis. Porém, essa tendência fica
mais forte após a estreia da peça teatral “Henrique VIII e Sua Corte”, de
Alexandre Dumas.
A
partir de então, os rapazes passaram a querer serem cavaleiros ou corsários. Já
as moças, a querer ficarem parecidas com as donzelas da época medieval, mas ao
mesmo tempo, que trouxessem uma sensualidade velada.
A Era Medieval era vista
como uma era romântica e que provocava fortíssimos sentimentos e emoções, era
requintada e clássica. E usaram tudo isso como expressão através da moda. Escolheram
um estilo que lhes fosse inspirador: o estilo elisabetano. As
mudanças começaram tímidas, com pequenas mudanças num ou em outro detalhe. Mas, próximo a 1820, as mudanças aconteceram com maior frequência.
A
MODA FEMININA
Como
donzelas, as moças queriam ser meigas, delicadas, sonhadoras, contemplativas e
frágeis. E vem dessa vontade de serem donzelas que surge a ideia de que as
mulheres são o “sexo frágil”. Deveriam ser habilidosas e prendadas no serviço
doméstico, mas não precisavam trabalhar nisso porque a ociosidade feminina
aumentava o status do marido. Mas, mesmo não sendo as tais donzelas, as vestes
ajudavam a dar essa impressão.
Os
vestidos tinham cintura alta, mais ou menos entre o busto e a cintura natural.
Os vestidos podiam ser em cores claras ou vibrantes, ter estampas de florais,
listas delicadas ou o xadrez (dos tecidos dos ingleses). Por cima, um colete
bicudo.
Os
vestidos mais fechados e discretos eram usados durante o dia. Já os usados à
noite, em festas, eram mais decotados e deixavam os ombros à mostra. Estes
podiam ser enfeitados com broches, colares, brincos, camafeus e pedrarias, mas
sempre muito delicados. Algumas moças os usavam também nos cabelos para
enfeitá-los.
As
mangas eram bufantes e armadas, eram presas com fitas. Algumas levavam por cima
outra maior, de tecido fino ou transparente. As saias eram volumosas, armadas
com várias anáguas com muitos babados e laços, longas até o final do tornozelo
deixando os pés visíveis. Os sapatos não tinham salto e combinavam com os
vestidos.
Completavam
o traje o leque, o xale e os mantôs. No inverno usavam casacos longos, capas e
pelerines. Os chapéus voltaram a ser enormes. Durante o dia usavam uma
sombrinha para se protegerem do sol ou simplesmente carregavam-na fechada para
dar o toque final.
Algumas
moças desejavam ter a pele morena e serem ardentes como as espanholas. Outras
preferiam que a pele branca (uma brancura cadavérica). Comiam
pouco para manter a silhueta e a cintura bem fina. O pior que poderia acontecer
a uma moça dessa época era parecer bem alimentada e forte. As roupas e os
chapéus eram pesados. O espartilho mal
permitia a respiração. O fato era que as moças se cansavam muito facilmente. O
legal era aparentar fragilidade e ter a aparência doentia.
Os vestidos muito decotados e usados à noite,
as expunha ao rigoroso inverno europeu, o que também aumentavam as chances de
contraírem a tuberculose.
Por
volta de 1836, essa moda começou a definhar. O interesse agora eram as mocinhas
cavaleiras ou caçadoras, cujos corpos eram mais robustos e as roupas mais
masculinizadas. O desejo do momento era viver a vida, curtir as aventuras e
terem mais experiências.
MODA
MASCULINA
O
estilo dândi continua com pequenas modificações. Os rapazes passaram a apreciar
uma silhueta mais delgada com cintura fina com ombros mais largos. Este tipo de
silhueta agradava aos rapazes das classes mais abastadas porque ajudavam a
promover seu status.
No
início as mudanças ocorreram com pequenos detalhes. Os coletes deixaram de ser
pontudos e passaram a ser quadrados. Ganhavam duas fileiras de botões ou zíper
para fechá-los. Por outro lado, eram mais apertados na cintura.
As
calças ficaram mais estreitas e mais longas (até os tornozelos). Os casacos
receberam ombreiras para tornar os ombros mais largos e retos.
A capa foi substituída pelo “sobretudo”, um
casaco mais longo e mais grosso e usado no inverno. A bengala era indispensável.
Os
cabelos tornaram-se mais curtos. Apareceram as costeletas, os bigodes e os
cavanhaques mais pontudos, como a lembrar a figura de Otelo, de Shakespeare.
Sobre a cabeça, todos os homens usavam a cartola. Mas esta tinha um novo
formato. Era larga nas extremidades e mais fina no centro, dando uma aparência
de meia lua. Eram mais altas que o normal. E nenhum homem que se presasse
deixava de usá-las.
Muito
parecido com a época anterior, não é mesmo? Menos por pequenos detalhes:
queriam se parecer com uma figura diabólica. Corria um pensamento na época de
que homens de testa larga eram mais inteligentes e genialidade de ideias. Por
isso, raspavam os cabelos próximos a testa para dar essa impressão.
Depilavam
as sobrancelhas arqueando-as para dar um aspecto de ferocidade. Aparavam os
bigodes para torcê-los e virá-los para cima. Deixavam crescer a barba (cavanhaque)
em forma de ponta à moda da figura de Satanás. Habitavam em lugares escuros e
sombrios como tumba e desejavam que os sons, ali produzidos, ecoassem como numa
catedral ou num castelo vazio.
Também
desejavam ter a pele azeitonada como os mouros, magros e nervosos. Treinavam olhares selvagens, maquiavélicos e perversos ao mesmo tempo em que
queria parecer apaixonados e desiludidos com um triste destino de paixões e morte. Por isso, queriam
parecer maus, poderosos e mostrar certa gentileza e bondade em ocasiões propícias e raras, como se pertencessem a um mundo diferente do real. E, quando não
conseguiam, fumavam certos alucinógicos que os deixavam com um olhar mais distante
e mais frígido.
Mas, apesar disto tudo, não abriam mão da distinção, a marca
desse modismo. Assim, os dândis verdadeiros (nos moldes da época anterior) iam
virando coisa do passado e tornando-se raros.
Adorei, Sueli. Super obrigada pela postagem, realmente muito útil! Um beijo e boas escritas!
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