Em
15 de fevereiro de 1905, na cidade de Maceió, Estado de Alagoas, nasceu a
menina Nise, filha do diretor e jornalista do “Jornal de Alagoas”.
Nise da Silveira, aos 14 anos
Na juventude, cursou a Faculdade de
Medicina da Bahia de 1921 a 1826. Era a única mulher de uma turma de 157
homens. Após a formatura casa-se com Mário Magalhães da Silveira, colega de
faculdade e médico sanitarista. Em 1927, com a morte do pai, Nise muda-se para
o Rio de Janeiro onde engajam-se no meio literário e artístico. Aos 27 anos, é
aprovada num concurso para psiquiatria. Em 1933, faz estágio na clínica neurológica
de Antônio Austregésilo e no mesmo ano, começa a trabalhar no Serviço de Assistência
para Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha (RJ).
Nesse hospital, uma enfermeira a denuncia
como comunista porque possuía alguns livros marxistas. Nise ficou presa por 18
meses, em 1936. Foi no presídio que conheceu Graciliano Ramos, tornando-se uma das
personagens do livro “Memórias do Cárcere”.
Nise da Silveira, aos 28 anos
Após sua saída da prisão, Nise e o marido
viveram na clandestinidade por 8 anos. Durante esse estuda Spinozza, e escreve o
livro “Cartas a Spinozza”, publicado somente em 1995.
Em 1944, volta ao serviço público,
trabalhando no "Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II", no Engenho de
Dentro (RJ), onde luta contra as agressivas técnicas psiquiátricas que
aplicavam eletrochoque nos pacientes. Por discordar e recusar-se a utiliza-las,
Nise é transferida para um trabalho menor (considerado na época) como o de
terapia ocupacional.
Nise da Silveira, aos 45 anos
Naquela época, como terapia ocupacional,
entendia-se que era o trabalho de faxina e manutenção exercido pelos internos.
Nise reformula esse trabalho, criando atelîes de pintura e modelagem, com a
intenção de proporcionar aos internos, a possibilidade reatar os vínculos com o
real através das expressões artísticas e simbólicas da criatividade. E com esta
atitude e os resultados obtidos revoluciona a Psiquiatria do país.
Em 1952, cria no Rio de Janeiro, o Museu
de Imagens Inconscientes, um centro de estudos e pesquisas para uma compreensão
mais aprofundada do universo interior dos esquizofrênicos. Dentre os artistas
(pacientes) que tem suas obras nesse Museu, destacamos: Adelina Gomes, Carlos
Pertuis, Emygdio de Barros e Octávio Inácio.
imagens do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente
Com um acervo, grande e valioso, Nise
escreve o livro “imagens do Inconsciente”, que foi transformado mais tarde em
filmes e exposições, como as da Mostra Brasil 500 anos e na Bienal de Arte.
Em 1952, Nise desenvolve outro trabalho
revolucionário, criando a Casa das Palmeiras, uma clínica de reabilitação para antigos internos das instituições psiquiátricas,
quando então, podiam expressar livremente sua criatividade. O tratamento com
arte e a livre escolha do paciente de voltar à clinica, modificava a rotina
hospitalar e os reintegrava á vida comum na sociedade.
Alguns dos pacientes levavam seus animais
de estimação na terapia na Casa das Palmeiras. Nise, sempre atenta, percebeu a importância dos animais na vida
dos pacientes, Convicta de que poderiam ser grandes aliados na reabilitação de
seus pacientes, Nise incorporou-os em seu trabalho, denominando-os de
co-terapeutas. Assim, Nise se tornou a pioneira das relações entre pacientes e
animais, melhorando com o convívio com os animais, o trato e a responsabilidade
com as pessoas. Essa experiência foi transformada no livro “Gatos”, publicado
em 1998.
Em 1954, Nise escreve uma carta a Carl
Gustav Jung e conta sobre seu trabalho. Surge daí, uma profunda amizade e
intensa troca de correpondências e informações que ela passa a usar em seu
trabalho, divulgando a psicologia junguiana no Brasil.
mandala
A compreensão das mandalas que apareciam constantemente nos
trabalhos de seus pacientes se deve a orientação de Jung. Este, também a
estimulou a apresentar uma mostra intitulada de "A Arte e a
Esquizofrenia" no "II Congresso Internacional de Psiquiatria",
realizado em 1957,em Zurique, mostra esta que ocupou cinco
salas.
Nise e Jung
Ao visitar a mostra, Jung a orienta a
estudar a mitologia grega, como ponto importante para a compreensão dos
trabalhos dos pacientes. Ainda em 1957, Nise vai para o "Instituto Carl
Gustav Jung" para realizar estudos, tornando-se assistente de Jung.
De volta ao Brasil, em 1959 e cria o "Grupo
de Estudos Carl Gustav Jung”, que presidiu até 1968, onde começa a difundir as
idèias da Psicologia Analítica.
De 1961 a 1962, Nise retoma seus estudos no
"Instituto Carl Gustav Jung", mas desta vez, estuda com Marie-Louise
von Franz, com a supervisão de Jung. No Brasil, após seu retorno, escreve o
livro "Jung: vida e obra", editado e publicado em 1968.
Nise da Silveira foi a fundadora da Sociedade
Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé Internationale de
Psychopathologie de l'Expression"), com sede em Paris.
Escreveu vários roteiros para filmes, documentários
e audiovisuais, apresentou inúmeras mostras, ministrou cursos, foi palestrante
em inúmeros simpósios e conferências, escreveu inúmeros artigos e livros sobre sua experiência com Terapia Ocupacional
e sobre as imagens do inconsciente.
Nise da Silveira, aos 72 anos
Seu trabalho foi e é reconhecido
internacionalmente, ganhou várias prêmios, títulos e condecorações. Seu trabalho
produziu como efeito mudanças no trato dos pacientes, a criação de museus e
terapias similares no mundo todo e por todo o Brasil.
Nise da Silveira, aos 94 anos
Em 30 de outubro de 1999, o mundo perdeu
uma grande psiquiatra e uma grande mulher. O "Centro Psiquiátrico Nacional" do Rio de Janeiro
resolveu homenageá-la mudando seu nome para "Instituto Municipal Nise da
Silveira".
Fonte:
www. wikipédia.com.Br
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