Lá
se vão pouco mais de um século entre o cinema mudo e o cinema de hoje. Muita
coisa mudou desse transcorrer do tempo. Desses filmes e das experiências que
foram feitas a humanidade tirou algumas lições.
Filme "VIAGEM A LUA" colorizado manualmente
Em
1910, surgiram os primeiros filmes colorizados. Mas, dependiam de uma atividade
manual, maçante, entediante e demorada. Eram feitas quadro a quadro, cena a
cena, com pincéis minúsculos e finíssimos e com lentes de aumento.
Para
que esse trabalho fosse realizado em tempo hábil era preciso contratar uma
equipe de coloristas (na maioria, mulheres). Cada colorista ficava responsável
por uma cor. Dessa maneira, a equipe toda era responsável por trabalhar no
filme inteiro. Embora tentassem manter a uniformidade da cor para garantir uma
atmosfera de naturalidade e para ressaltar o imaginário do filme, esse trabalho
nem sempre atingia este objetivo.
Coloristas em seu trabalho
No
início, os primeiros filmes colorizados chamavam a atenção do público que reagia
com espanto e admiração. Mas, aos poucos, ele se desinteressou. E somando-se o
custo natural das filmagens e da colorização, o salário dos atores e dos
coloristas, as produções se tornavam cada vez mais dispendiosas. E com a falta
de público, não tinham como cobrir essas despesas. Por isso, esta atividade foi
abandonada na prática. Mas do sonho, nunca desistiram. Digamos que deram um
tempo.
Diante
do “insucesso” da colorização, os filmes sonoros continuaram a ser rodados em
preto e branco por várias décadas. Havia um pensamento comuns entre os
responsáveis pelas indústrias cinematográficas de que “o colorido não era para
o cinema”. Paralelamente, as pesquisas continuavam.
Colorização por tingimento
E
nova tentativa de colorização de filmes foi realizada na década de 1950. Desta
vez, utilizaram uma técnica que foi chamada de TINGIMENTO. O tingimento é a
técnica em que se aplica uma única cor para o quadro todo. Nessa técnica
mergulha-se a película inteira numa cor escolhida. Assim o filme inteiro
(partes claras e escuras) fica na cor desejada. Uma outra experiência conhecida
com o nome de VIRAGEM, consistia em fazer com que as partes escuras ficassem
coloridas e a claras continuassem claras.
Coloração por viragem
Esses
processos foram utilizados de formas diferentes e não havia um padrão
estabelecido que regulamentasse o uso da cor e do seu significado. Assim,
alguns filmes pareciam muito realistas quando o vermelho era usado, por
exemplo, para cenas de incêndio, o amarelo para dias ensolarados e o azul para
cenas noturnas. Em outros casos, o público não entendia, por exemplo o uso do
verde para uma região desértica, ou um lilás para a cena de uma festa. Assim,
também não obtiveram bons resultados.
Cena de "Cantando na Chuva" na colorização de tingimento
Em
1953, a inovação dos filmes é o sistema Cinemascope. Embora nunca deixassem de
buscar a naturalidade das cores, sempre havia alguma imperfeição, fosse na
captação, variações excesso da luz (muito branca), exposição a ela mais
demorada ou mais rápida, uma sombra inesperada, uma imagem tremida.
Cena do filme "PARA SEMPRE ALICE", em cinemascope
Não
demorou muito para que a indústria cinematográfica e os admiradores de cinema descobrissem
que a cor (em excesso ou na sua falta) influenciava a maneira de contar a
história de um filme. As cores, o figurino, a fotografia e o trabalho dos
atores são partes integrantes da narrativa. Descobriram também que, se não estavam
conseguindo atingir seu objetivo, é porque estavam diante de uma limitação
técnica. E para contornar a situação, lançaram mão da colorização manual para
corrigir as imperfeiçoes, enquanto alguém não encontrasse um modo de fazer isso
com mais rapidez e com menos custos.
Na
década de 1960, as televisões já eram bastante populares em várias partes do
mundo, mas também transmitiam (shows, entrevistas, noticiários, novelas e
filmes) em preto e branco. E as grandes emissoras também queriam transmitir suas
programações em cores. E a princípio também usaram a coloração de filmes na
forma manual, mas era muito demorado. Tentaram também o tingimento e a viragem.
Mas não ficou muito legal e desistiram.
Cena do filme "LA DOLCE VITA" colorizado por computador na Tv
Nessa
mesma década, os computadores começaram a ficar mais acessíveis. Mas, só em
1980 é que as emissoras de televisão resolveram tentar a colorização de filmes
via computador para ganhar tempo e evitar altos custos. O colorista capturava
uma cena do filme por vez no computador para que pudesse visualizar bem. Os filmes
em preto e branco já continham muitas informações sobre luz e sombra. Assim o
colorista só pintava no computador algumas partes da cena (objetos, roupas,
alguns acessórios) selecionadas previamente. O restante, era o computador quem preenchia.
O resultado era duvidoso e também não agradou. Os tons eram fortes demais e
durante a exibição do filme as cores vibravam. Se o personagem andava, a roupa parecia
perseguir o personagem. Ficava realmente muito feio.
Cena do filme "ORAÇÕES PARA BOBBY" colorizado
por computadores superpotentes.
Eu não entendo como é escolhida a cor, por exemplo, uma camisa num filme preto e branco é vista em cinza, depois de colorido, essa mesma camisa é vista em laranja.
ResponderExcluirCaro amigo anônimo. No tempo em que os filmes eram colorizados (fosse no cinema ou na televisão) o filme era pintado quadro a quadro com uma tinta especial e nas cores desejadas. Assim, o cinza, por exemplo, era pintado de amarelo. Com o filme todo pintado e seco, ele era banhado em produtos químicos que agiam como uma espécie de verniz. para que as cores não saíssem, riscassem ou danificassem com o uso. Esses produtos provocavam uma reação química mudando um pouco a cor. Assim o amarelo com a reação química podia virar laranja, como você citou no exemplo.
ExcluirBom dia amigo. Qual o programa que poderia ser feito essa coloração? Desde já agradeço.
ResponderExcluirCaro amigo, Mattw. o programa a que você se refere, caiu em desuso com a chegada dos filmes coloridos.Nem as televisões o utilizam porque sai muito caro e nem sempre fica bom. O melhor e mais em conta, é comprar o filme colorido antes que caia em desuso, por causa das fotografias digitais (celulares, tablets, etc).
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