sexta-feira, 4 de abril de 2014

O CANCAN

A MÚSICA MODERNA E O MUNDO (IV)



Ano de 1822, França. O país vivia um período de calmaria após ter enfrentado duas guerras. A chegada do século XIX trouxe uma nova esperança ao povo. Algumas barreiras sociais haviam caído e o povo vivia uma transformação social intensa. Mesmo passando por um período de transição cultural, a França respirava um ar de despreocupação e de alegria. E, consequentemente, todos queriam se divertir e aproveitar a vida.

Viviam uma época em que a classe operária passou a se misturar com a classe média e a cultura popular era o top do momento. Foi nessa atmosfera descompromissada e alegre que a criatividade artística explodiu rompendo com o classicismo da época anterior. E toda essa criatividade fez surgiu uma porção de movimentos, dentre eles o “japonismo”, onde o estilo da arte japonesa influenciou as modalidades artísticas daquele país. Época também em que Gustave Eiffel constrói, no centro de Paris, o mais famoso cartão postal da cidade: a Torre Eiffel.


A vida noturna passou a ser um evento cotidiano. Surgem os cabarés, os teatros de variedades e os famosos cafés de Paris, frequentados por artistas, s excêntricos, aristocrata e pessoas da classe média em números cada vez maiores.

Nos teatros de variedades a sensação era o show das vedetes.


Nos famosos cafés parisienses, escritores, pintores, músicos se encontravam e mostravam seus talentos. Não faltava oportunidade para fofocarem, atirarem farpas uns nos outros e jogar conversa fora.  Esses cafés se tornaram num marco, num símbolo, onde a mistura de várias culturas e estratos sociais era um fato possível, pois era possível de se encontrar pessoas de todas as classes sociais, conversando e se divertindo amistosamente.


Nos cabarés, o ponto alto da noite era uma dança que recebeu o nome de “Quadrilha”. Essa dança foi inventada por uma vedete chamada Cèleste Mogador, e apresentada em 1850, causando o maior frisson na plateia. 

Cèleste Mogador

Era uma dança acompanhada por trombones e cornetas, com ritmo agitado, passos saltitantes e extremamente acrobáticos que exigiam bastante flexibilidade corporal. A quadrilha era dançada por oito moças bem altas (1,70m) e envolvia muita sensualidade.

 
 



Se a valsa era considerada uma dança imoral por mostrar uma pequena parte do corpo feminino (o tornozelo), imaginem o furor que a quadrilha causava quando as moças apareciam com saias abaixo do joelho e, ao dançar, deixavam a mostra suas calçolas (jarreteiras).


Numa visita a Paris, Charles Morton foi a um cabaré e assistiu a quadrilha. Ficou entusiasmadíssimo. Inspirando-se nela e na polca, fez uma mistura dos passos dessas danças e inventou outra, que ele chamou de “Cancan”, inspirado nos ruídos feitos pelos passos realizados. É a versão que conhecemos hoje.


Morton apresentou sua dança em Londres, em 1861. E chocou os ingleses, que a consideraram uma dança imoral e indecente. Enquanto isso, na França, a popularidade da quadrilha, e mais tarde do Cancan, crescia incontrolavelmente.

O mais famoso dos cabarés foi o Moulin Rouge, inaugurado em 1889. Sua fama se deve a apresentação do Cancan com moças altas, vestidas de corpete e saia de babados, meias rendadas, botas de salto alto e penachos na cabeça.
 


O Cancan foi liberado a partir de 1830 e permaneceu em evidência até 1944 como uma dança bastante popular.

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