O
artesanato se divide em três grandes grupos e com inúmeras possibilidades de
ação. São eles: o artesanato erudito, o
artesanato popular e o artesanato folclórico. Um artesão pode se especializar
num destes setores ou, dependendo da demanda ou da necessidade, permear entre
eles.
São considerados “artesanatos eruditos” os trabalhos em cerâmica, funilaria, couro de animais,
trançados de fibras vegetais, uso de chifres e dentes de animais (os chamados sedenhos),
esculturas, entalhes em madeira, pedra guaraná ou sabão. Incluem-se ainda o
fabrico de farinhas (mandioca, outras raízes e sementes), a construção de
engenhocas (os monjolos e moinhos) e instrumentos musicais.
Veja alguns exemplos:
escultura
cerâmica
utilitários com fibras vegetais e bambu
Já os “artesanatos populares” incluem as caixas decoradas,
a confecção de bijuterias, crochê, tricô, os bordados, rendas, as colagens com
papel e outros materiais, a pintura em toalhas (de mesa e banho), panos de
prato, lençóis e peças do vestuário.
bonecas e peças de cama, mesa e banho
bordadas ou pintadas
caixas enfeitadas
crochê
São considerados “artesanatos folclóricos”,
os trabalhos com cerâmica decorativa, cestarias com fibras vegetais, confecção
de bonecas de barro ou sabugo de alguns vegetais. Há quem diga que o artesanato
faz parte de do folclore. Mas recentes pesquisas revelam que o folclore é uma
parte ou uma das modalidades do artesanato.
renda de bilros
desenhos com areia colorida
colares com sementes e grãos
Mas em todos estes tipos estão presentes: a inventividade, criatividade,
originalidade, planejamento, técnicas de confecção e acabamento. O artesanato
revela os usos, costumes, tradição e cultura da sociedade local, regional ou do
país onde o artesanato é praticado. Apesar de tudo, a arte não está dissociada
do artesanato, assim como não se dissocia da economia, da política e dos
padrões sociais, pois estão impregnados de ideias, emoções e linguagens da
mesma maneira como estão as artes clássicas dos grandes mestres do passado. E
para muitos observadores que não têm (ou nunca
terão) a oportunidade de contemplar de perto as famosas obras de arte, o
artesanato cria uma ligação de
familiaridade entre as manifestações da cultura
e essas obras.
Cada tipo de artesanato estabelece um vínculo entre o passado e o
presente, portanto, o artesanato faz e conta a História.
Todo produto artesanal tem uma linguagem própria onde se podem observar
os processos formais e simbólicos da criação das imagens. Algumas peças
artesanais trazem uma linguagem poética, outras mais fantasiosas, e outras
ainda, uma linguagem mais embrutecida, real e incômoda. Mas não é assim com as
obras de arte mais famosas e mais procuradas nos museus? Querem uma imagem mais dolorida, mais incômoda
e assustadora do que a da obra “O Grito” de Munch? Ou a dor interior expressa no olhar de Van Gogh em seu “Auto-Retrato”?
Muitas pessoas afirmam que os produtos artesanais não são arte porque se
prestam a fins lucrativos. Por acaso, os grandes mestres pintavam e as
escondiam do público? Ou saíam a procura dos “marchands” para expor suas obras
e vendê-las a bom preço? Será que os grandes mestres da pintura não precisavam
de dinheiro para comer, vestir-se, pagar jantares e bebidas aos marchands, tomar
condução para ir a lugares chiques (os points da época) para negociar suas
obras ou para comprar tintas e pincéis para novas obras? Ou será que tudo caía
do céu?
Minha gente, nossos artesãos são fabulosos e nosso artesanato é
riquíssimo, vibrante, alegre e um dos mais ricos, criativos e expressivos do
mundo. Por que insistimos em dizer que o que vem de fora é sempre melhor do que
o que temos por aqui?
Valorize o que é nosso, da nossa tradição e de nossa cultura.
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OBRIGADA PELA VISITA.
Espero que tenha encontrado o que precisava, tenha gostado do que encontrou e que volte muitas outras vezes. Ficarei muito feliz se você deixar um recadinho para mim.