quarta-feira, 4 de abril de 2018

POR QUE FALAR DE ARTESANATO?


O termo “artesanato” é derivado do termo artesão. Na antiguidade, ser artesão era um orgulho. Era uma profissão respeitada, lucrativa e reconhecida no mundo todo. A históriado artesanato se confunde com a história dos seres humanos. Surgiu no ano 6.000 a.C, ainda no período neolítico, com o polimento das pedras demonstrando a capacidade criativa dos nossos antepassados.


Na Idade Antiga, o fabrico da cerâmica para o uso do cotidiano, o descobrimento da técnica de tecer com fibras com fibras vegetais ou animais, mostrava uma nova capacidade a capacidade humana: a de produzir objetos com as coisas do ambiente e transformar essa nova habilidade como forma de trabalho.


Quando a economia da Alta Idade Média que se concentrava essencialmente na agricultura, os produtos artesanais eram praticados pelos camponeses como forma de consumo próprio e/ou de subsistência. Os artesãos, então, dividiam seu tempo entre o trabalho no campo e o artesanato. Dependiam de suas próprias habilidades, das técnicas e ferramentas à sua disposição, porém tinham uma ação limitada. E assim foi por muitos séculos.

No começo da Baixa Idade Média a produção agrícola decai. Os camponeses, agora sem trabalho, deixam a zona rural e aventuram-se nas grandes cidades. Para esses camponeses, o artesanato torna-se a única fonte de renda possível para sua subsistência.


Trabalham sozinhos ou em família. Realizam todas as etapas do processo de produção e vendem seus produtos nas feiras. Aos poucos, se organizam e passam a investir nos meios de produção como: instalações, ferramentas e matéria-prima. Muitos se tornam donos de suas próprias oficinas e são considerados “mestres artesãos”. Algunns possuem ajudantes e aprendizes do ofício. Daí o artesanato ter sido considerado na época como o grande responsável pela recuperação econômica da Baixa Idade Média.


Com o crescimento da população, o surgimento de novos mercados provocados pela expansão marítimo-comercial do século XV, do surgimento de novos polos de produção e da necessidade de uma produção mais rápida para atender as demandas, o artesanato vai perdendo espaço para outras formas de produção como a manufatura e a industrialização (ou maquinofatura). Disto resulta consequência para os artesãos como a perda do controle de suas ferramentas e oficinas; passam a trabalhar para outros comerciantes locais e empobrecem. Aos poucos tornam-se obsoletos e se transformam em operários nas industrias que começam a surgir.


Teóricos como Karl Marx e John Ruskin e artistas românticos do século XIX eram contrários a industrialização e a desvalorização dos artesãos e do artesanato. Consideravam que os produtos industrializados não tinham a mesma identificação com seus produtos como acontecia com os artesãos. Achavam que a satisfação que os artesãos sentiam ao ver seus procurados por outras pessoas passava para os compradores. Além disso, tinham liberdade para criarem novos produtos, o que não ocorria com os produtos industrializados, já naquela época.

Mas a industrialização ganhou espaço, se firmou e ganhou reconhecimento. Quanto ao artesanato passou a ser visto como uma arte menor, de segundo ou terceiro planos.

O tricô, crochê, bordados e outros sempre foram vistos como artesanato. Mas é chegada a hora de mudarmos novamente essa visão. É preciso ver novamente esses trabalhos não só como uma fonte lucrativa que alavancam as economias em declínio, mas principalmente como uma manifestação artística popular, repleta de história, tradição e cultura.

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