Ao
perderem os pelos que cobriam seus corpos, os hominídeos passaram a cobri-los
com peles de animais para enfrentarem o frio rigoroso das localidades onde
paravam para descansar de suas caminhadas, já que eram nômades. Mais tarde,
passaram a amarrá-las ao corpo. Porém, ao construírem os primeiros abrigos
estruturados com galhos e cobertos com peles de animais, alguém teve a ideia de
fazer uma amarração para evitar que fossem levadas pelos ventos. E inventavam a
costura, que pouco depois, foi utilizada na confecção das primeiras roupas.
Para facilitar o trabalho inventaram um utensílio importantíssimo: a agulha. A
princípio eram feitas de ossos e, bem mais tarde, de madeira. O tempo aprimorou
as agulhas e as costuras. E com esse aprimoramento ambas chegaram aos dias de
hoje.
Os humanos, nas sociedades primitivas antigas,
sempre gostaram de se enfeitar. Usaram ossos, penas e pedras amarradas a fios
da própria natureza e pinturas no corpo e face para anunciar o status de liderança.
Com a descoberta dos
metais, fizeram armas armaduras para defesa nas lutas e para a distinção dos
mais valentes. As coroas e joias distinguiam a nobreza da ralé. E no meio disso tudo, surge um movo modo de
mostrar suas riquezas, de mostrar seu status e de se diferenciar dos demais: o
“bordado”.
Quem
o inventou, quando e onde é impossível saber com certeza, pois não haviam
documentos escritos. O que sabemos ou tentamos saber é apenas através de
monumentos antigos, esculturas, pinturas e gravuras onde foram representados. E
através dessas obras de arte podemos formalizar um pouco de sua história.
Nas
margens do Rio Eufrates, muitas civilizações antigas se desenvolveram. E nessas
civilizações o bordado era muito cultivado. Nos monumentos gregos pode notar os
bordados nas túnicas dos deuses, semideuses e heróis ali representados. Homero
fala dos bordados de Helena e Andrômaca na passagem da guerra de Tróia. Os
hebreus citam Moema como a inventora do bordado e foi muito usado entre eles. E
na Bíblia existem inúmeras passagens que fazem menção aos bordados.
almofada bordada Egito - séc IV
tapeçaria da Grécia Antiga
Dos
povos antigos, os romanos foram os que menos se valeram do bordado até a
formação do império. No entanto, foram os romanos que fizeram com que o bordado
se espalhasse pelo mundo. Tornou-se uma verdadeira “febre” a partir do século
VII.
bordado de figuras sacras - Itália
Via-se bordados por toda parte, da plebe à corte. As abadias e mosteiros
transformavam-se em oficinas e ensinavam a quem quisesse aprender. Não durou
muito para que nos séculos seguintes aparecessem armas, escudos, brasões, flâmulas
e bandeiras bordadas em cores e em ouro e prata. Já no século XVI, surgem os
bordados de imagens de figuras e fatos religiosos e históricos que
assemelhavam-se às pinturas.
Desse
modo, a Itália tornava-se o maior centro das artes (bordado) do mundo, servindo
de inspiração cultural e econômica para toda a Europa.
Com
o tempo, surge a necessidade de inovar. Os bordados que antes eram planos ou em
relevo, passam a ter recortes formando uma espécie de rendado. Na Renascença, o
bordado se transforma numa arte puramente decorativa (artesanato) de interiores
como as tapeçarias, estofos para móveis, reposteiros com outros temas que não
fossem os religiosos.
toalhinhas para móveis toalhas de mesa
As
toalhas de mesa e as famosas “toalhinhas para móveis” surgem no século XVII. E
no século XVIII, os bordados estão nas roupas íntimas brancas e com desenhos
mais delicados e cor.
Então
chega a modernidade, a industrialização e suas máquinas. O bordado manual
demorava meses para ficar pronto dependendo do tamanho da peça. Por isso, um
operário de nacionalidade francesa inventa, em 1821, a primeira máquina de
bordar. Sua intenção era facilitar o trabalho das bordadeiras e, logicamente,
poderem ganhar mais.
A máquina proporcionava mais rapidez na produção e na
multiplicação das peças. A novidade foi bem aceita no início, apesar de perder
a qualidade, a elegância e a exclusividade das peças artesanais. Por isso, o
século XIX vê o bordado entrar em declínio. No entanto, no final desse século,
surge um movimento encabeçado por William Morris, cujo nome era “Artes e
Ofícios”, que deu nova vida aos bordados.
O
século XX, apesar da boa convivência entre os bordados manuais dos mais
variados tipos e gêneros e as reproduções mecânicas mais modernizadas, ocorre
um fato interessantíssimo: alguns gêneros feitos manualmente caem em desuso,
enquanto outros fazem o maior sucesso. É o caso dos manuais, bordados em branco
sobre tecidos da mesma cor e que se tornaram símbolo de alto status social. Até
os anos de 1950, era chique usar bordados com desenhos ou monogramas em branco
sobre branco em toalhas de mesa lenços e enxoval de bebês e que ficou conhecido
como “bordado da Ilha da Madeira”. Na verdade, o bordado da Ilha da Madeira era
executado em fios de cor azul (ou outra cor) mas sempre em tons claros sobre
tecido branco.
Outro
acontecimento foram as aplicações complementares (como missangas, pérolas e
lantejoulas ou bordados recortados) trazendo de volta o gosto pelos trabalhos
manuais.
Houve
um tempo, em uma moça que pretendesse se casar e ser considerada uma boa
esposa, precisava aprender a bordar entre outros atributos domésticos. Mas com
o tempo, isso deixou de ser uma condição necessária. Estamos no século XXI e os
bordados continuam sendo prestigiados. Ganharam novos motivos, inspirações,
vitalidade e utilidade. Os bordados enriquecem a decoração dos ambientes,
identificam empresas, clubes, times de futebol e outros esportes por meio de
suas logomarcas bordadas, torna-se um meio de produzir riquezas e fazer parte
da economia de um país pela produtividade, qualidade e eficiência, de agregar
valores culturais e de embelezar qualquer peça.
Traz
ainda, satisfação pessoal e ser uma forma terapêutica, se for feito manualmente
e, ascensão econômica e social, se realizado por meio das máquinas. Conclui-se
que todo ser humano de posse de agulha, linhas e um pedaço de tecido pode
aprender a bordar e ganhar a vida bordando.
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OBRIGADA PELA VISITA.
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