No
século XX, a vida era bem diferente do que é hoje. Comunicação lenta e
demorada, transporte igualmente lento. Apesar da agitação causada pela
industrialização, a vida era calma. E mesmo acontecia com as artes.
Naquela
época, a maior preocupação dos compositores era a afinação. Uma afinação
baseada numa escala de notas (dó, ré e mi) que eram repetidas sempre na mesma
altura ou com pouquíssima variação de sonoridade ou da relação entre elas.
Alguns
compositores estavam cansados dessa “coisa morna e sem graça”. A princípio
começaram a misturar essas notas entre si (dó + ré; ré + mi; mi + dó). Porém,
em outras alturas. Mas, ainda assim, queriam mais. Muito mais.
Passaram
a reparar e estudar os sons produzidos por uma porção de objetos que nada
tinham a ver com instrumentos musicais. Foram experimentados dos objetos
caseiros até os objetos do ambiente, como o som da chuva, do trovão, da água
que escorria da torneira ou da cachoeira, do farfalhar das folhas das árvores
ao vento, o som da vassoura ao varrer, o ruído das ruas, das máquinas no
trabalho industrial, etc. E tentavam reproduzi-los com os instrumentos a sua
disposição.
O
título de “música concreta” foi dado pelo compositor e estudioso Pierre
Schaeffer (1840 em diante), por causa dos objetos que estudava. Schaeffer
gravava esses sons numa fita magnética e depois os misturava ou punha um sobre
o outro e tornava a gravar. Não haviam notas musicais ou partituras em que
pudesse se basear. Era um trabalho artesanal, misturados de forma bem
rudimentar, mas que, com o passar do tempo, recebeu o nome de “samples” e,
atualmente, chamamos de “mixagem”.
Em
1913, o italiano Luigi Russalo foi outro compositor inconformado com o marasmo
da música. Russalo criou o que chamou de “orgia do barulho” (orgie de bruits).
Esse barulho era produzido por objetos de diferentes tipos e os colocava em
suas músicas. Naturalmente, foi um escândalo. Mas, Stravinski e Edgar Varese
acharam essa interferência bastante interessante e se propuseram a “organizar”
a barulheira, incluindo-os como instrumentos de percussão.
Luigi Russalo
Por
volta dos anos de 1920 a 1930, Cage usou instrumentos musicais conhecidos, mas
preparados de um jeito nada comum. Cage colocou em seu piano uma série de
objetos entre e sobre as cordas para produzir uma interferência no som.
Cage
Cage
também estudou o silêncio, ou seja, a ausência de som. Conta-se que numa
apresentação, Cage mexia as mãos como se tocasse uma música. Porém, durante
mais de 4 minutos, ninguém da plateia ouviu uma nota sequer. Cage queria com
isso, que o público interpretasse por si só essa ausência sonora. Outro
escândalo e foi acusado de produzir a “anti-música”.
Cage preparando seu piano e a partitura
Compositores
e músicos ousados e criativos mergulharam na atonalidade, no silêncio e na
própria música em seus estudos e experimentos. Mas, essas experimentações não
era uma questão de experimentar simplesmente por experimentar. Tinham um
propósito e uma preocupação.
Como
propósito, a descoberta de novas relações na escala musical e tonal criando
assim uma nova linguagem musical. Como preocupação: a razão, a ordem, a
estrutura, a proporção e o equilíbrio da própria música porque queriam que suas
obras fossem bem compreendidas.
O
século XX ficou conhecido como o “século das comunicações” por causa do avanço
tecnológico. Com o surgimento do rádio, do fonógrafo, do cinema e das novas e
mais modernas indústrias de instrumentos musicais foi possível fazer com que a
música fosse ouvida por todos. Ricos e pobres tinham a mesma oportunidade do
ouvir e gostar de música.
Choques
entre vanguardistas e conservadores ainda existe nos dias de hoje. Mas, vamos
convir que toda mudança causa estranheza e incomoda um bocado para os
acomodados. E devem ter sido terríveis para os dois lados.
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