domingo, 13 de julho de 2014

A MÚSICA ELETRÔNICA

Nas primeiras décadas do século XX, a música de vanguarda e, em especial a música concreta, vivia uma fase de prosperidade criativa. O inusitado e a variedade dessas experiências sonoras despertavam interesse.


Os sons que destinados a realizar interferências nas músicas podiam se puros (ou seja, não precisavam combinar com a harmonia melódica e da tonalidade); impuros (exatamente como eram produzidos) ou os chamados “sons brancos” (como um somatório de sons com boas possibilidades sonoras e que passavam a fazer parte da melodia).

Toda essa experiência era muito cara e levava muito tempo porque tudo era feito manualmente. Por outro lado, exigia que o compositor (ou músico) fosse suficientemente hábil para tocar e manipular os instrumentos. Outro grande entrave era que as novas aparelhagens exigiam um ambiente especial. Mas, a liberdade que tinham para criar e experimentar fazia com que tudo valesse a pena.

 theremin ondes martenot

trautonium

Na Alemanha (1930) surgem os primórdios dos instrumentos eletrônicos. O “theremin”, o “ondes martenot” e o “trautonium” trouxeram maiores facilidades e maior liberdade para experimentar e explorar os sons além de ampliar o poder criativo acenando com novas e imensas possibilidades. Porém, não durou por muito tempo.


Em 1940, os governos da Itália, da Rússia e da própria Alemanha passaram a interferir, controlando e coibindo os experimentos. Afirmavam que os vanguardistas faziam uma “arte degenerada”, tal qual aberrações artísticas. Muitos compositores foram presos e castigados severamente. Principalmente, os de origem judia, que foram acusados de serem “bolchevistas”.

De modo geral, os compositores e artistas de outros seguimentos artísticos (pintura, escultura, arquitetura, literatura etc) ficaram impedidos de trabalhar ou de expor seus trabalhos anteriores. Muitos deles foram perseguidos, banidos ou presos e viram suas obras queimadas em praças públicas.


Esses governos desejavam que as artes em geral voltassem ao modelo clássico tradicional. Aliados politicamente, esses países viviam um momento de euforia nacionalista apoiados pelo sonho de uma raça e uma cultura superior, uma das loucuras de Hittler. Por isso, somente eram permitidas e divulgadas as composições que falassem dos feitos heroicos e dos valores cívicos dessas nações. Podiam ser tonais, alegres ou ritmadas, mas deviam ter forte apelo nacionalista, pois se preparavam para a eclosão da II Guerra Mundial, que aconteceu nos anos finais da década.

E, diante da pressão governamental, todas as formas de arte tiveram um retrocesso. Alguns compositores conseguiram fugir da Europa durante antes e durante os tempos de guerra. Mas, muitos acabaram presos e mortos nos campos de concentração.

Quando a guerra acabou, os compositores vanguardistas retomaram suas experiências. Recolheram os “cacos” do que havia sobrado de seus registros. Foram tempos difíceis. Porém, o que foi ruim, também trouxe muitas mudanças para as artes em geral.


Na década de 50, os vanguardistas reconheceram que os experimentos anteriores eram primitivos e que tudo já estava ultrapassado. Durante os tempos de guerra, novas tecnologias foram desenvolvidas e que podiam ser aproveitadas. Surge assim, novas e imensas possibilidades através dos sons eletrônicos.

Os novos compositores abraçaram as novas ideias. Aperfeiçoaram e diversificaram os aparelhos eletrônicos possibilitando inovações nas experiências sonoras. Os aparelhos tornaram-se mais acessíveis, mais leves e fáceis de transportar, já não precisavam de tantos aparatos ou de ambientes especiais. Tornavam também o trabalho mais simples. O que era feito manualmente, agora podia ser bem mais rápido: coisa de poucos minutos.


Os vanguardistas da música eletrônica perceberam que o público também havia mudado. Não se interessavam mais pelo inusitado dos instrumentos, mas pelo resultado final do trabalho, ou seja, da obra em si.


Nas décadas seguintes, os vanguardistas encontraram um campo aberto para suas experimentações. E a música concreta avançou fecunda e criativa. É verdade que nem todas foram sucesso e que algumas foram consideradas “verdadeiras transgressões musicais”. Mas, fazem parte dos avanços.

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