O
tricô é bem mais antigo que o crochê. Embora não se saiba onde, quando ou quem
começou, sabe-se por achados arqueológicos que é uma prática milenar. E com
essas informações pode-se traçar, mesmo que em linhas gerais, um pouco de sua
história.
Em
escavações arqueológicas foram encontrados vestígios de peças tecidas em lã ou
algodão. Por sabermos que esses materiais são facilmente decompostos pela ação
do tempo, esses vestígios nos levam a supor que, em épocas muito remotas as
pessoas já teciam manualmente.
Em
buscas arqueológicas realizadas no Egito, os arqueólogos encontraram pedaços de
meias tricotadas que datam de 1.000 anos a/C. Essas peças possuíam muitas
imperfeições, porém continham desenhos bastante complicados. Isto que nos leva
a crer que, o progresso do tricô foi desenvolvido ao longo de milhares de anos,
num processo de tentativas e erros e que fizeram com que essa habilidade chegasse
aos dias de hoje.
Uma
alusão ao tricô, está expressa na “Odisséia” de Homero e que, provavelmente, data
do final do século VIII a/C. Numa das histórias retratadas nessa obra,
Penélope, esposa de Ulisses andava triste e preocupada, pois o marido havia
saída em viagem e demorava a regressar. Por causa dessa demora, o pai da moça,
manda que ela procure um novo marido. Para evitar essa escolha e ganhar tempo, Penélope
começa a tece uma túnica e diz ao pai que só fará a escolha quando a terminar.
Porém, o que era tecido durante o dia, ela desmanchava durante a noite. Assim, ganhava tempo e esperava que o marido retornasse da viagem.
Uma
outra alusão mais tardia é o quadro “Visita do Anjo”, do Mestre Bertram e que
data do século XVI d/C. Nesta obra a Virgem Maria é retratada tricotando uma camisola
(blusa) com 5 agulhas.
Arquivo arqueológico da primeira agulha de tricô
Em 1964, uma
equipe de arqueólogos encabeçada por Anne Stine Ingstad e seu marido (ambos noruegueses) descobre uma agulha
de tricô numa escavação realizada em L’Anse aux Meadows (Terra Nova, Canadá). Exames realizados com carbono 14 nessa agulha revelam que ela data
de 1000 anos de nossa era. Acredita-se que essa localidade tenha sido uma
aldeia vicking.
Como
se pode perceber por esta pequena cronologia, o tricô é uma atividade muito
antiga. Trata-se da habilidade que os humanos desenvolveram ao longo do tempo e
que se pode definir como sendo a “arte
de entrelaçar fios por meio de duas ou mais agulhas”. Com isso, pode-se dar ao
trabalho a forma desejada, seja ela reta ou circular.
Sabe-se
que nossos antepassados usavam como fios o algodão ou lã, devido as atividades
agrícolas ou pastoris instaladas na região e, com esses materiais faziam os
fios. Mais tarde, descobriram outros materiais como a caxemira e o linho
No
entanto, era ainda bastante rudimentar no seu início e poucas pessoas tinham
essa habilidade. Presume-se que a massificação dessa habilidade tenha ocorrido
no Egito. Mas foi na Europa Medieval que essa prática se tornou constante e
utilizada não só no vestuário comum e eclesiástico, como também em tapeçarias e
bordados onde as peças de lã ou algodão eram tingidos com várias cores e tinham
desenhos diversos e complexos.
O escritor e pesquisador Le Goff afirma que as artesãs medievais teciam e vendiam seus trabalhos nas lojas dos maridos ou de outros grandes comerciantes.
Artesã da era medieval
A ocupação da mulher na Era Medieval era uma preocupação constante. Acreditava-se na ocasião, que a mulher tinha maior valia se colaborasse nas finanças da família. Por isso, os pais colocavam as meninas para aprenderem trabalhos manuais peque-nas. Por outro lado, preocupavam-se também com o futuro delas, caso anos mais tarde enviuvassem ou passassem por situação de pobreza. E sabendo fazer alguma coisa, teriam como sobreviver e se manter.
Primeira máquina de tricotar
A
primeira máquina de tricotar foi inventada em 1589, pelo inglês William Lee.
Essa máquina possuía os princípios fundamentais de funcionamento e que vigoram
nas máquinas da atualidade (século XXI). Porém, apenas no século XIX que essa
máquina se popularizou por causa da industrialização. Desde então, adquiriam
grande impor-tância, principalmente nas guerras locais ou mundiais, onde
fabricavam o vestuário de civis e militares.
O
TRICÔ NOS DIAS ATUAIS
Grupo de mulheres fazendo tricô
artesã do final do século XIX
Essa
habilidade conquistada ao longo das várias eras geológicas vem sendo desprezada
desde a chegada da industrialização. No entanto, em meados do século XX foi
quase que totalmente abandonada com a pecha de estar ultrapassada. A maioria da
população procura cada vez mais os produtos industrializados do que os
confecciona. E hoje em dia, essa habilidade é considerada como um trabalho de
segunda classe, como passatempo ou como um negócio pequeno ou de pouco valor
financeiro. Mas a verdade é que o tricô (assim como o crochê) nunca caiu de
moda. Há sempre quem queira uma peça exclusiva e original, já que a indústria confecciona
milhares de peças exatamente iguais.
Peça feita em máquina de tricotar industrial, onde
milhares são produzidas exatamente iguais
Embora
não haja mais a necessidade de confeccioná-las para a sobrevivência como
aconteceu na Idade Média, há sempre um lucro extra envolvido para quem se
dedica a essa prática. Seja
para vender, para o uso pessoal ou da família, por diversão, passar o tempo,
costumizar um vestuário fora da moda ou por necessidade de terapia ocupacional,
o tricô não impõe limites à criatividade e está constantemente se
aperfeiçoando. E sempre é muito bom tricotar.
Os fios são apresentados em novelos, cones, meadas de lãs e linhas
numa variedade incrível de cores e texturas
As
indústrias de fios lançam inúmeros tipos deles (com ou sem texturas, grossuras
e em cores variadas, brilhantes ou opacos) que sugerem uma infinidade de desenhos
e modelos para as peças. E ainda podem ser combinados com tecidos de texturas
variadas, além do couro ou materiais sintéticos.
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