Há
pessoas que afirmam não gostar de crochê. No entanto, outras adoram e eu sou
uma delas. Seja como for, o crochê é algo bonito de se ver e ter. Sua utilidade
é grande e variada.
Segundo
alguns pesquisadores, o termo “crochê” tem origem no dialeto nórdico, que significa
“gancho” e se refere ao formato da agulha que puxa os pontos ou laçadas que
confeccionam as peças. Segundo outros, o termo tem origem numa palavra
francesa, o “croc”, cujo significado é o
mesmo.
Sua
origem também é bastante controversa. Para alguns historiadores, o crochê foi
criado na pré-história. Para outros ela surgiu e se desenvolveu a partir do
século XVI e na Europa. O escritor Lis Paludan tentou descobrir em que país ou
região da Europa isso se deu, mas não obteve sucesso. Porém, sua pesquisa
(fundamentada em teorias) nos leva a crer que, provavelmente, seja originária
da Arábia e depois levada para a Espanha pelas rotas de comércio entre o Ocidente
com o Oriente.
Antropologistas
descobriram que essa técnica de tecer era muito usada na China para a
fabricação de bonecas. Outros afirmam que, peças de crochê eram usadas nos
rituais da puberdade por alguns dos povos primitivos da América do Sul.
Outra
teoria sugere que o crochê teve sua origem na técnica de costura chinesa.
Técnica que se difundiu pelo Oriente Médio e chegou a Europa por volta de 1700.
Mas a verdade é que ninguém sabe, ao certo, quando e onde o crochê começou.
A
única certeza, durante a Renascença a técnica do
crochê foi aprimorada, adquirindo melhor qualidade das peças. Com a Revolução
Francesa, a exportação da técnica para toda a Europa, principalmente para a
Irlanda, Inglaterra e Países Nórdicos. As famílias desses países, mesmo as mais
nobres, passaram a usar essa técnica e foram aprimorando-a aos poucos,
conseguindo dessa forma uma técnica bem mais avançada e de alta qualidade.
Os
historiadores contam que, na década de 1840, o mundo sofria uma grande crise
devido a Industrialização. Muito trabalhos deixaram de existir. Muitas pessoas
abandonaram as lavouras e, aos poucos, o trabalho artesanal foi sendo extinto
porque todos queriam trabalhar nas indústrias. Mas não havia trabalho para todos.
E daí, veio a fome. E uma grave crise de fome se instalou na Europa.
Percebendo
o sofrimento das pessoas, em 1846, a madre superiora de um convento teve a ideia de ensinar para as mulheres mais pobres
da Irlanda a técnica do crochê. A ideia era a de ensinar para que pudessem
trabalhar em suas próprias casas e, dessa forma, continuariam tomando conta dos
trabalhos caseiros e ganhar o sustento da família. Essa ideia foi levada aos
chefes de sua congregação e foi prontamente aceita.
E logo vieram as primeiras notícias positivas. Em pouco tempo, as
mulheres de Dublim e Belfast estavam produzindo tanto, que seus trabalhos eram
exportados para o mundo todo e, principalmente, para a Inglaterra.
As rendas irlandesas serviam para decorar vestidos e lingeries damulheres
mais abastadas da nobreza, bem como peças para a decoração das residências como
colchas, almofadas, tapetes, caminhos e centros de mesas, porta-guardanapos,
tampos para vidros, etc. A produção artesanal chegou a assemelhar-se a produção
de uma indústria. E pouco a pouco, o crochê
foi ganhando espaço à partir de 1800.
Sabe-se
que a artesã francesa, o Éléonore Riego de
La Branchardiére, ensinou o crochê para as mulheres da corte da Rainha Vitória.
E logo após, ela fez desenhos dos pontos de algumas peças que tinha criado e
publicou-os na revista “The Needle”. Foi ela também que criou o famoso “Ponto
Aujourd”, hoje conhecido como “Ponto Irlandês”.
Sabe-se também que, esses desenhos ajudaram muita gente a aprender a fazer
os pontos e copiar os seus modelos. Esses desenhos dos pontos se propagaram ao
longo do tempo e chegaram aos dias de hoje.
Enquanto isso, estilistas como
Gaultier, Alexander McQueen, Lagergeld, Chanel, Emanuel Ungaro, Antonio Marras,
Kenzo e muitos outros, fizeram uso do crochê em suas mais importantes criações.
Continua
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