Desde o século XVII, vivemos sob a influência de
um pensamento que privilegia a razão. Kant acreditava
que tudo tinha uma explicação racional. Dessa forma, tudo o que era subjetivo era
(e ainda é) visto como algo supérfluo e sem importância, sem base científica e
que não fazia parte da razão.
A consequência desse pensamento fez com que muitas qualidades
da vida humana fossem relegadas a um plano inferior. As artes e a religião eram
assim consideradas. E dentre as qualidades humanas mais subjetivas estava a
imaginação. Esta só tinha espaço nas Artes ou era vista como uma forma anormal
do pensamento humano.
Hoje sabemos que a imaginação é importante em
nossa vida. Sentimos e percebemos as coisas através dos órgãos dos sentidos e adquirimos
experiências ao entrarmos em contato. Essas experiências e percepções ficam
guardadas na memória. Para isso, é necessário fazer associações e relações
entre as imagens disponíveis na memória, ordenando-as de diversas formas
transformando-a numa imagem que pode ser aplicada a uma determinada situação. É,
segundo Avens (1993), uma imaginação reprodutiva, pois reproduzimos algo que já
estava elaborado na memória.
Por outro lado, há momentos em que transcendemos
a tudo isto. É um jeito mais espontâneo, puramente sensorial, mas que combina
com nossa intelectualidade (categoria da razão), criando algo
novo. E, ainda segundo Avens (1993), esta é uma imaginação produtiva ou
transcendental. Esta forma de se imaginar é vital a todos os seres humanos
porque é uma maneira de nos relacionarmos com o mundo. Este relacionamento é
quem leva o mundo e a humanidade a prosperar.
Pela imaginação produtiva
deixamos vir a tona o lado interior das coisas, ou seja, nos relacionarmos com
os objetos, lugares, situações e pessoas de uma forma mais sensível ou poética.
Essa forma não deixa de traduzir nossas percepções, nem nossas vivências e
experiências. E não é só nas artes que esta imaginação se manifesta, mas, em
tudo o que fazemos.
Foi observando esta capacidade humana que Jung
estabeleceu um processo que denominou imaginação “ativa” ou “criativa”. Jung
percebeu que ao acionarmos nossas lembranças, alguns conteúdos inconscientes
chegavam até a consciência, e se misturavam aos conteúdos desta, através de
funções reguladoras.
Dessa maneira, com técnicas expressivas
apropriadas pode-se perceber os conteúdos inconscientes sintetizados. Jung os
chamou de “símbolos”. Os símbolos são a expressão do que se desconhece e possibilita
que a força energética (libido) se renove e solucione os conflitos vivenciados.
Com o estudo desses símbolos pode-se buscar o seu (s) significados.
A compreensão desses significados traz o
entendimento de toda forma de expressão numa linguagem muito mais ampla do que
a oral ou a escrita. Como tipos de linguagem expressiva podemos citar a
corporal, as fotos, um filme, as esculturas, os desenhos, a dança, a música, as pinturas etc.
“Os homens são narrativos”, afirmou Deely, em
1990. E eles contam histórias em seus trabalhos expressivos. Para Jung, além do
pensamento existem outras 3 funções da consciência que servem de pontos de
ligação entre a capacidade de expressão e a lógica do pensamento intelectivo: a
intuição, a sensação e o sentimento. As duas primeiras são irracionais, ou seja,
voltadas para o subjetivo, para aquilo que não é dito por meio de palavras.
Quando um símbolo aparece num trabalho qualquer,
nossa intuição ou nossa sensação nos alerta. A busca do significado fica por
conta do sentimento que é mais real e, ao lado da função pensamento (4ª função da
consciência), lidam com nossas experiências. Tudo isso, nos leva a desenvolver
um diálogo que permite a compreensão da narrativa expressa e dos conflitos
internos de quem narra.
A
força do pensamento junguiano é a compreensão do homem. Para
isto, é necessário investigar e entender a maneira como articula suas
preocupações sobre a vida, sobre seu o destino e sua história psíquica a fim de
manter-se mentalmente saudável.
AVENS, Roberts. Imaginação
é Realidade. Petrópolis: Vozes,
1993.
DEELY, John. Semiótica
Básica. São Paulo: editora Ática, 1990.
JUNG, Carl G. A
Dinâmica do Inconsciente. Obras completas, vol. VIII. Petrópolis: Vozes,
1984.
____ Tipos
Psicológicos. Obras completas, vol. VI. Petrópolis: Vozes, 1991.
Sueli querida! Como está você? Mais uma vez nos brindando com um post de qualidade! Trazendo informações e esclarecimentos importantes! Parabéns! Minha amiga, posso te pedir pra dar uma lida nestes dois links?
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Um início de semana iluminado!
Abraço fraterno e carinhoso!
Elaine Averbuch Neves
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