sábado, 22 de março de 2014

A POLCA

MÚSICA MODERNA E O MUNDO (III)



Conta a história que por volta do 1830, um jovem polonês da região da Boêmia compôs uma música de ritmo alegre e bastante rico. Esse jovem chamou-a de Polca. Naquela época, saber escrever era coisa para poucos. Por isso, muitos compositores chamavam um maestro da localidade para escreverem as músicas que compunham. Foi o que aconteceu com este jovem. O maestro ao copiar sua música mudou o nome “Polca” para “Esmeralda”.


A polca teve dois momentos, segundo os historiadores. Esses momentos foram antes e depois de Chopin. Antes, as polcas polonesas eram alegres e vibrantes e tocadas e dançadas nas festas do carnaval polonês. Depois de Chopin, tornaram-se mais refinadas e pomposas ao estilo das chamadas “músicas clássicas” e fizeram parte dos grandes recitais nos salões palacianos e nos grandes teatros.



Mas, o ritmo alegre e empolgante conquistou um grande público. E além de ouvi-la, passaram a dança-la também. Aos poucos, a polca foi tomando conta da Europa. E em cada canto do mundo, a polca foi sofrendo pequenas modificações no ritmo. Em pouco tempo, surgiram estilos diferentes como: a polca-mazurca, a polca galope e a polca tramblanka (ou progressiva).

Na Europa, desde 1840, a polca-mazurca é a mais popular. Ao longo do tempo foram introduzidos novos passos provenientes da mazurca, uma espécie de polca tocada e dançada na Noruega. No entanto, a mazurca sueca também difere no ritmo e na coreografia da mazurca norueguesa.


Por ter uma forma mais simples, mais rápida e mais vibrante, a polca galope ganhou popularidade. Mas, ao longo do tempo, foi sofrendo variações. Os dançarinos adotaram alguns passos semelhantes aos da valsa e com passos laterais e rodopios. Em muitos lugares, é muito esperada para finalizar as festas.


A polca Tramblanka (ou progressiva) é genuinamente polonesa  e era tocada e dançada em cerimônias de casamento e em festas familiares. Os dançarinos realizavam pequenos saltos ora com uma perna, ora com a outra. Mas, variações nos passos tem sido introduzidas

Com o tempo, a polca se espalha pelo mundo. E chega ao continente americano trazida por europeus imigrantes que para cá vieram no século XIX. Evidentemente, adequações foram realizadas.


Na América do norte, a polca seguiu o modelo europeu. Na dança, os dançarinos vem nela uma forma de expressão individual e de identidade étnica em que a   liberdade é a característica principal dessa expressão. A polca é usada em atividades recreativas e culturais convertendo-se sempre numa atração.

Na Argentina e no Paraguai, a polca passou a fazer parte da cultura desses povos. A grande popularidade do ritmo e da dança, transformou a polca importada da Europa em uma das tradições nacionais. Nesses países, a polca ganhou uma nova batida, letras e novos instrumentos foram incorporados como o contra-baixo, o acordeon e, algumas vezes, instrumentos de percussão.
                                                        dança campeira - Brasil
As letras das polcas argentinas contam feitos históricos e ressaltam a valentia e a bravura dos seus heróis. Falam também do povo como os guerreiros gaúchos da região dos pampas, ou da vida, trabalho e coragem dos campineiros em contato com a natureza. O mesmo acontece com o sul brasileiro, mais precisamente, no Rio Grande do Sul.
A polca paraguaia é uma criação adaptada ao gosto do estilo musical e identidade cultural de seu povo. As principais variações da polca são as guarânias e os chamamés Este mesmo gosto musical aparece no Mato Grosso do Sul, região centro-sul brasileira.

quinta-feira, 13 de março de 2014

A VALSA

MÚSICA MODERNA E O MUNDO (II)


A valsa tem uma história bastante interessante e curiosa. Ao pesquisá-la nos deparamos com duas versões. A primeira é a de que surgiu por volta de 1559 como uma dança campestre no sudeste da França e muito próxima da Itália. Era uma dança folclórica e que tinha o nome de “Volte”

Coincidência ou não, na Itália também havia uma dança folclórica chamada “La Volta”, com um ritmo rápido e andamento bastante parecido com a dança francesa em que os participantes dançavam aos pares e giravam inúmeras vezes durante a apresentação. Por serem folclóricas e por fazer parte da cultura local era muito popular. Porém, desconhecida no restante do mundo.

No século XVI, essa dança foi levada para os salões das cortes francesa e inglesa. Na Inglaterra, recebeu o nome de “cinq pas”, isto é, os giros eram dados em cinco passos. Para isso, o cavalheiro ficava frente a frente com sua parceira e segurava mão direita dela e colocando-a o mais próximo.de seu ombro. Com a outra mão, segurava as costas da parceira. A parceira. por sua vez, ficava com uma mão presa pelas mãos do parceiro e com a outra segurava a saia para que não tropeçasse nela enquanto dançava.

O líder do par formado era o cavalheiro. Sua função era guiar a parceira nos giros realizados ora de um lado, ora do outro. Durante os giros, a parceira apoiava sua coxa nas coxas do parceiro, o que facilitava a guia. Dançavam tão juntinhos que seus rostos pareciam se tocar.

O comportamento social da época era muito rígido e puritano. O único toque permitido entre os parceiros de uma dança era o toque da ponta dos dedos. E assim mesmo, o cavalheiro devia ter um lenço na mão para evitar o contato direto. Por isso, a dança recém-chegada fez um estardalhaço. Imaginem a dama tendo que encostar sua coxa na coxa do parceiro para manter o equilíbrio durante os giros e segurando a saia e mostrando um pedacinho do seu tornozelo. Imaginem o cavalheiro segurando a mão toda da parceira, encostando-a em seu ombro e a outra mão nas costas dela. Um escândalo!

E como tudo que abala os costumes, a valsa foi considerada uma dança indecente, vulgar e imprópria aos grandes salões. Tanto que o rei francês, Louis XIII, entre os anos de 1610 e 1613, a proibiu em todo o reino afirmando ser imprópria para as famílias de bem.

A segunda versão baseia-se em registros escritos do século XVI.citam esses registros que, por volta de 1770, havia na região da Bavária, Boêmia, Tyrol e Styria, (hoje Alemanha e Áustria) uma dança folclórica de nome “Walzer” e que também era popular apenas nessa região. Na dança, o cavalheiro se ajoelhava e a parceira girava ao seu redor.

Qual dessas versões é a verdadeira, ninguém sabe. Mas, as coincidências de tempo, ritmo e dança são gritantes entre elas. O importante é que durante muito tempo essas danças foram desconhecidas e quando apareceram causaram muita polêmica e foram banidas por serem consideradas indecentes, desordeiras e indiscretas

Como música, era apreciada por todos. Tanto que grandes compositores passaram a estudá-la e compô-las. Logicamente, cada compositor fez uma modificação aqui e ali para torná-la mais melodiosa, mais suave e mais bela. No entanto, enquanto dança, continuava rejeitada.

Segundo as literaturas sobre o assunto, o marco divisório entre o repúdio e a aceitação aconteceu durante a apresentação de uma ópera: a “Una Cosa Rara” realizada por Martin y Soler, em 1786.

No segundo ato dessa ópera, o autor havia composto uma valsa que era dançada por vários casais ao mesmo tempo. Era uma dança em que os participantes se distanciavam uma pouco mais, embora os giros e rodopios se mantivessem como característica principal. O que agradou uma parcela da platéia, enquanto outra parte manteve suas reservas e fazia suas críticas.

Em 1780, a valsa chega aos salões vienenses e se espalha por toda a Europa. Na Inglaterra, na França e na América as críticas eram intensas e publicavam-se livretos contendo regras comportamentais e de vestuário- “adequado”. Tentavam eliminar o excesso de imoralidade contida na dança.

Foi nessa época que alguns Imperadores, príncipes, princesas e vários nobre europeus foram flagrados dançando valsa com naturalidade, em clubes e festas palacianas. Foi a gota que faltava para derrubar o preconceito. A partir daí, a valsa foi perdendo seu status de profana e ganhando o título de “bela”. E em pouco tempo, a valsa se tornava conhecida e popular pelo mundo afora.

Assista ao vídeo e perceba todas as influências descritas aqui e
 as novas aplicações que o mundo moderno e contemporâneo 
tem dado a ela

Muitas valsas foram compostas a partir de então. Tantas e tão variadas que, muitas vezes, sentimos uma ponta de dúvida em afirmar se o que ouvimos é ou não uma valsa. Rápidas ou lentas, vibrantes ou suaves, fortes ou leves, tradicionais ou com características regionais são alguns dos inúmeros estilos que a valsa adquiriu ao longo do tempo. Mas, ninguém nega que melodia e modo de dançar são interessantes, fascinantes, elegantes e belíssimos. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

A MÚSICA MODERNA E O MUNDO (I)

Desde a fase barroca, a elite se reunia nos grandes salões palacianos ou nos teatros para ouvir e apreciar a chamada “boa música”. 

Os músicos eram apresentados por seus professores a um agente que tratava de introduzi-los em algum evento. Só faziam sucesso ou tinham seus nomes lembrados por essa elite se fossem realmente talentosos ou se os agradassem a essa elite de alguma outra forma.

Enquanto isso, o povo continuava a ouvir, cantar e dançar as de sua músicas região. Músicas que eram consideradas de pouco ou nenhum valor pelas elites.

Vamos conhecer algumas delas:

O LUNDUM
Também conhecido como Lundu, landu ou Londu é uma música de origem africana e de raízes folclóricas. Pode ser tocada, cantada e dançada por meio de sapateios, requebros e umbigadas. Antigamente, os africanos não precisavam de instrumentos musicais. Para marcar o ritmo do lundum, bastava bater palmas.

O video apresentado não é tão antigo quanto eu gostaria. Mas dá para se ter uma idéia do que é e como é esse ritmo. os instrumentos foram chegando aos poucos sob a influência dos colonizadores europeus.

Lundum: ÁFRICA NEGRA

Veja também como é a dança do Lundu Africano (embora seja dançado por aqui)




A HABANERA

A habanera ou havanera é um estilo musical desenvolvido em Havana (Cuba). Este estilo tem uma fusão da música africana (os batuques) devido a escravidão e da música local.


                                            Habanera (o mais tradicional encontrado)

Por volta do século XVII, esse estilo musical foi levado para a Europa influenciando tanto a música popular quanto a clássica. A habanera foi utilizada por grandes compositores como Bizet, Albéniz e Ravel. Esses e outros músicos clássicos e populares mexeram e modificaram sua estrutura básica.

Vejam como ficou:


Com a imigração portuguesa e espanhola na América Central a habanera volta, porém, completamente alterada.



O PASODOBLE


Surge no século XVIII, na Espanha e junto com as touradas. É uma música de ritmo quente e apaixonante. A  canções são trágicas e sensíveis.